Como criar uma cultura de inovação na sua cooperativa

É apenas por meio da inovação que as cooperativas são capazes de evoluir e, consequentemente, sobreviver. Logo, o profissional em posição de gestão que ainda não entendeu a importância de uma cultura de inovação, para empresas cooperativas, privadas e públicas, está com os dias contados.

Afinal, há diversas maneiras de inovar. Dentre elas, a contratação de pessoas qualificadas em processos de inovação, por exemplo. Outro recurso para a inovação é o contato contínuo com o cliente, o que traz insights sobre novas demandas de mercado e mantém a cooperativa atualizada quanto às entregas que precisa desenvolver.

Para estabelecer processos que de fato funcionem – quaisquer que sejam eles -, no entanto, é preciso ter uma cultura de inovação forte e consolidada na cooperativa.

Cultura de inovação em cooperativas

Manter uma cultura de inovação corporativa nada mais é do que estabelecer processos perenes orientados à inovação. Ou seja, capazes de manter as boas práticas da inovação ativas de maneira constante. Esta é a única maneira por meio da qual uma cooperativa pode se manter atualizada em seus processos.

Afinal, a inovação deve ser parte de uma filosofia para a cooperativa e não deve ser entendida como um projeto pontual, por exemplo.

Dessa maneira, tudo o que a cooperativa faz tem como cenário o pensamento inovador, incluindo produtos, serviços, recursos humanos, investimentos etc. Até mesmo a forma como a cooperativa trata seus clientes sofre benefícios decorrentes da criação e manutenção de uma cultura de inovação. Cultura de inovação, afinal, nada mais é do que a cooperativa viver e respirar inovação sem nem perceber isso.

Há algumas dicas para fortalecer a cultura inovadora dentro de uma cooperativa. Vamos listar algumas a seguir:

Abertura a novas ideias

É preciso estruturar espaços e momentos para que as pessoas que fazem a cooperativa acontecer possam colaborar com a inovação. Afinal, são elas que vivenciam as dores e os desafios do dia a dia da operação e estão em contato direto com os associados. Insights valiosos são gerados a partir do espaço dados para que novas ideias surjam – e uma dica valiosa é o uso do Design Thinking.

Abra caminho à tecnologia

Há uma quantidade literalmente incontável de soluções tecnológicas em aplicativos, por exemplo, que são aliados poderosos na otimização de processos internos. É imprescindível manter o olhar atento às possibilidades e não ter medo de experimentar novas soluções.

Acabe com o medo de errar

Por falar em errar, é importante lembrar que o erro é parte fundamental de qualquer processo de inovação. É preciso aceitar isso e criar mecanismos para potencializar a curva de aprendizado a partir dos erros cometidos. É muito comum consultores em inovação aconselharem errar pequeno e barato. Dessa forma, ficam os aprendizados que ajudam a construir a estrada para o sucesso do processo de inovação.

Atente para as tendências

Sim, sua cooperativa quer criar algo novo. No entanto, é preciso olhar continuamente para o mercado, especialmente empresas norte-americanas e europeias, para entender quais são as tendências. A forma como essas companhias se posicionam ajudam a antecipar movimentos que acabam por acontecer no Brasil para empresas privadas e cooperativas.

Valorize o trabalho colaborativo

É por meio da diversidade que a inovação acontece. Afinal, é preciso haver pensamentos destoantes para que o crescimento aconteça. Assim, as equipes multidisciplinares têm um potencial enorme para contribuir com a inovação cooperativa.

Entenda o ritmo do processo

A maior parte das cooperativas ainda não conta com processos de inovação estabelecidos. Ou seja, estão relativamente atrasadas. Mas no que diz respeito à inovação, devagar pode ser rápido. O que isso significa? Que não adianta acelerar para tirar o atraso. Pois, como dissemos anteriormente, é preciso valorizar e aprender com os erros. Mais do que isso, é importante errar barato. Ao acelerar muito, o erro pode custar caro. E não apenas financeiramente. Ao gastar demais numa possibilidade de inovação que, eventualmente, não dê certo, o risco maior é criar uma aversão da diretoria a ideias novas que consomem muitos recursos.

Inovação no Cooptech 2019

O Coonecta realizou um evento dedicado exclusivamente à inovação em cooperativas. O Cooptech 2019 trouxe diversos especialistas em inovação e cases de cooperativas de todo o País.

A intenção era mostrar como os processos de inovação se aplicam também às cooperativas e como estas empresas podem se beneficiar deles. Assim, o Cooptech 2019 contou com apresentações de profissionais que são referência em inovação.

É o caso, por exemplo, de Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo e inovação do Insper e coordenador do Programa de Inovação da FAPESP. Nakagawa falou sobre transformação digital e processos estruturados de inovação.

Ou seja, o que cooperativas inovadoras têm em comum, como processos bem estruturados para geração e validação de hipóteses de inovação.

É disso também que tratou Alexandre Carrasco, Consultor Organizacional nas Áreas de Estratégia, Inovação e Melhoria de Processos da Repensando Negócios. Ele mostrou como se tornar um “agente de inovação” na sua cooperativa. Em uma série de vídeos recentes, ele explicou quais são os erros mais comuns das corporações que decidem inovar.

Além deles, o Cooptech 2019 recebeu Renata Decourt Perina, PMO & Innovation Hub Leader da 3M. Ela contou como funciona a incubadora de projetos internos da companhia que é conhecida mundialmente por sua capacidade de inovar.

O público presente teve a oportunidade de saber como e por que, há dois anos, a companhia criou uma estrutura independente para desenvolver projetos internos.

Cooperativismo de plataforma no Cooptech 2019

Um dos temas mais em voga atualmente é o cooperativismo de plataforma. E o Cooptech 2019 contou com duas palestras sobre este assunto. Para isso, esteve presente ao evento Rafael Zanatta, especialista em tecnologia, mestre pela USP e tradutor do livro Cooperativismo De Plataforma, de Trebor Scholz.

Ele falou sobre os segredos do sucesso dessa modalidade e os entraves jurídicos existentes no Brasil para seu desenvolvimento. Além dele, Gustavo Mendes, Cofundador do Coonecta, trouxe os insights da primeira missão brasileira de imersão em cooperativismo de plataforma em Nova York.

A primeira iniciativa de plataforma criada dentro de uma cooperativa também esteve presente no Cooptech 2019. A história da CleanClic, startup para geração de energia renovável compartilhada, foi contada por seu CEO, Vitor Romero.

Ele contou porque procurou o Sicoob-ES para desenvolver sua ideia inicial, o que deu origem à Ciclos, cooperativa criada para acelerar negócios de impacto que possam agregar valor à cooperativa de crédito capixaba.

Cases de inovação cooperativa

Outros cases de inovação presentes ao Cooptech 2019 mostraram os desafios e conquistas de diversas cooperativas. É o caso, por exemplo, da Stormia, plataforma da Seguros Unimed que integra 350 cooperativas singulares.

Marcelo Smarrito, Digital Strategic Advisor da SEGUROS UNIMED, explicou como a cooperativa criou um espaço exclusivo para pesquisa e experimentação de soluções digitais para catalisar a transformação do negócio.

Outro case apresentado no Cooptech 2019 é o da Coopercarga, que criou um programa de inovação de grande sucesso. Tanto que sua primeira edição já resultou na criação da Cargon, uma startup que resolve um problema recorrente do setor logístico.

Fachada da Casa Melhoramentos, em SP, que recebeu a 1ª edição do Cooptech

Conheça todos os detalhes e os outros destaques do que rolou no Cooptech 2019!

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Bruno Loturco
Bruno Loturco
Jornalista especializado em comunicação e criação de conteúdo para as mais diversas mídias on e offline, com experiência em publicações técnicas e de negócios. Cada vez mais interessado e motivado pelo universo do cooperativismo, em busca de criar valor por meio da geração de conteúdo e conhecimento para a transformação digital deste tão importante segmento da economia.