Inovação para cooperativas: como inovar com foco no cooperado

O quão inovadora é sua cooperativa? Para quem e por que ela inova? Ela está, de fato, melhorando a vida do cooperado? Você implementa inovação para cooperativas?

O conceito de inovação, como tudo que vira moda, tem sofrido distorções e interpretações equivocadas. E responder às perguntas acima pode não ser tão simples quanto parece.

Um erro grave é reduzir a inovação ao simples uso da tecnologia, esquecendo o que realmente importa: o cooperado.

Muitas vezes as equipes de inovação em cooperativas colocam o foco apenas em tecnologia, projetando telas, desenvolvendo soluções mirabolantes, e acabam se esquecendo que essa solução será usada por uma pessoa. E que, portanto, é fundamental ouvir essa pessoa, entender suas dores, seus desejos, o que faz sentido pra elas e o que não faz.

Não esqueça que inovar é, antes de tudo, resolver problemas. Para quem? Para pessoas!

Vamos entender como inovar com um olhar mais humano pode ser transformador para o cooperativismo e como o Design Thinking tem ajudado nessa tarefa.

Inovação para cooperativas exige olhar humano

Inovação, seja em produto, serviço ou, processo, é algo que precisa ser percebido como valor pelas pessoas.

Ou seja, pouco adianta uma ideia boa a seus olhos se as pessoas para as quais ela foi projetada não sentirem que ela é incrível. No caso de uma cooperativa, o foco, claro, é o cooperado.

O conceito parece simples, mas ele pode se perder na prática diária das cooperativas. Por exemplo, “inovar” para “correr atrás do prejuízo”, só porque um concorrente o fez, é perder completamente o cooperado de foco.

É importante nunca se esquecer que a inovação, como valor percebido, deve servir prioritariamente às necessidades do cooperado, não da cooperativa.

Esse risco é ainda maior se a inovação da cooperativa for cópia pura e simples das empresas privadas, onde os valores são outros e a pressão de investidores por lucro pode se sobrepor aos interesses do cliente.

E é neste ponto que o Design Thinking ajuda as cooperativas a não se perder ao inovar.

Design Thinking: o cooperado no centro da inovação para cooperativas

Lembremos que o pilar social do cooperativismo é tão importante quanto o econômico.

Inovar nas cooperativas exige um olhar cuidadoso, empático, e que coloca o ser humano sempre em primeiro lugar.

É por isso que muitas cooperativas, cada vez mais, recorrem ao Design Thinking.

A mudança de mindset que o Design Thinking promove coloca o ser humano, a empatia e colaboração no centro do jogo. E isso tem tudo a ver com cooperativismo.

Vamos explorar alguns dos valores e conceitos do Design Thinking, para entender por que ele casa perfeitamente com o cooperativismo.

Os três valores do Design Thinking

Empatia, colaboração e experimentação. Estes três valores do Design Thinking, combinados, podem promover transformações profundas na forma de inovar.

A empatia tem as funções de entender as necessidades do seu cooperado (e não de outra cooperativa), de se colocar no lugar dele e identificar suas dores e desejos para, então, partir para a proposição de uma solução aderente.

A colaboração, por sua vez, carrega consigo o DNA do cooperativismo: a cooperação. No caso, a cooperação entre pessoas com diferentes bagagens, conhecimentos, experiências e repertórios para pensar um mesmo problema.

Já a experimentação indica uma forma de aprender fazendo, de colocar a mão na massa, de testar e de não ficar esperando todas as condições ideais para tirar uma ideia do papel.

Design Thinking na prática

Os três valores do Design Thinking estão, em maior ou menor grau, expressos em todas as suas fases práticas, que são: descobrir, redefinir, desenvolver e entregar. Entenda melhor cada uma delas:

  • Descobrir – No início do processo, a ideia é entender melhor o problema que foi proposto, pesquisando, indo a campo, entrevistando e buscando referências.
  • Redefinir – A redefinição é o momento de revisitar o problema a partir de todo o estudo que foi feito sobre ele. A equipe contará com muita informação. E para redefinir, necessariamente é preciso focar em um aspecto do problema. Ou seja, muitos pontos precisarão ficar de fora.
  • Desenvolver – Depois que o problema foi redefinido, é preciso resolvê-lo. É o começo de um processo de apresentação de ideias com pouco filtro. Quantidade é importante nesta fase.
  • Entregar – Por fim, depois de tanta ideia, é hora de escolher as que melhor respondem às necessidades daquele problema que foi redefinido.

Notou como tanto nos valores, como em seu processo, o Design Thinking tem sempre a preocupação central de resolver o problema do usuário?

O foco é sempre o ser humano no Design Thinking. Este processo evita os equívocos citados no começo do post, como por exemplo “inovar” com foco na tecnologia sem entender com clareza qual o problema do usuário.

Isso é transformador! Especialmente no caso da inovação para cooperativas.

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Lucas Toyama
Lucas Toyama
Consultor especializado em Design Thinking, desenvolve treinamentos na área para grandes empresas. Como consultor de inovação, tem liderado projetos para consultorias de Design (Livework, Tellus, Kyvo, Echos) e empresas como Visa, Claro, Net, Seara e Globosat.