O Cooptech Crédito 2025, realizado nos dias 21 e 22 de maio na Amcham Business Center, reuniu 400 congressistas e mais de 40 palestrantes para discutir o futuro e a inovação no setor de cooperativismo de crédito brasileiro. Com foco em como as cooperativas podem crescer e se profissionalizar sem perder sua essência, o encontro abordou a aplicação de novas tecnologias e a inteligência de dados como ferramentas cruciais para a expansão dos negócios no segmento.
Durante os dois dias de congresso, especialistas e gestores de cooperativas de crédito compartilharam experiências e debateram temas fundamentais para o futuro do setor. Nesse sentido, a programação abordou assuntos como transformação digital, impacto da inteligência artificial no ciclo de crédito e estratégias para aumentar a competitividade frente às fintechs e bancos digitais.
A busca por inovação foi um tema central, com discussões sobre como as cooperativas podem utilizar a tecnologia para aprimorar a jornada do cooperado e fortalecer seus pilares econômico e social, visando a prosperidade das comunidades onde atuam. A programação do Cooptech Crédito 2025 se dividiu entre a plenária, com palestras e painéis, e uma sala de debates focada em discussões e trocas de ideias.
Produzido pela Coonecta, o Cooptech Crédito 2025 contou com patrocínio platinum de Faciltech, Ubots, Zixbe e Threeo. Além delas, Sinconica, Softfocus, Construtura Baggio, Gyra+, Nexum, Lecom, Sistema OCB, A5 Solutions, Desys Finance, BS2 Payments e Smart Compass foram patrocinadores gold. Por fim, ainda houve o apoio de FNCC, Fenasbac, InovaCoop e Cooperativa Coletiva.
Plenária: Cooptech Crédito 2025 discute tecnologias e desafios do cooperativismo financeiro
Após a abertura oficial, o primeiro dia de plenária começou com o painel “Tendências do Ramo Crédito” com a presença de Ivo Lara Rodrigues, diretor presidente na FNCC; Thiago Borba Abrantes, coordenador do ramo crédito na OCB; e Moacir Krambeck, presidente da Confebras e presidente do conselho de administração da Central Ailos.
Os painelistas discutiram tendências como a transformação digital, o investimento em tecnologia, a expansão do impacto social, a crescente exigência por profissionalização, a intercooperação, agenda ESG, expansão territorial e a adaptação a uma regulação mais moderna. “Trazer eficiência é ser eficaz. A tecnologia ajuda – e muito -, mas o mais importante é ganhar escala”, argumenta Krambeck.
Adalberto Felinto da Cruz Júnior, chefe do departamento de supervisão de cooperativas e de instituições não bancárias (Desuc) no Banco Central do Brasil, apresentou uma palestra com o tema “Cooperativismo Financeiro: superando desafios e fortalecendo o alinhamento com o Banco Central”. Ele elucida que “os indicadores provam que onde há cooperativismo, os indicadores econômicos e sociais são melhores”.
Na sequência, Rafael Souza, CEO na Ubots, falou sobre a geração de negócios nos canais digitais, em especial usando o WhatsApp como ferramenta. “O WhatsApp está na homescreen de 99% dos usuários. As cooperativas precisam olhar para o WhatsApp como um canal digital de relacionamento, inclusive para vendas”, explica Souza.
Elisa Simão, sócia da PwC Brasil e líder do centro de excelência para cooperativas de crédito, abordou os impactos da Resolução CMN 4.966 nas cooperativas de crédito. Ela explicou que trata-se de um tema multidisciplinar que precisa envolver diversas áreas dentro de uma cooperativa.
Elisa Simão, sócia da PwC Brasil. Crédito: Camila Menezes
Regulação e concorrência
Na sequência, Janaína Pimenta Attie, consultora no departamento de regulação do sistema financeiro no Banco Central do Brasil, falou sobre o Open Finance e a visão de futuro do BC para o sistema financeiro. “Queremos ver mais cooperativas no Open Finance”, apontou ela ao explicar os avanços e planos para o futuro da ferramenta.
A apresentação de Richard Oliveira, diretor executivo na Fáciltech; André Rezek, presidente da Fáciltech; e Douglas Cirilo, head de produtos e estratégia na Fáciltech teve o tema “Crédito do trabalhador: uma nova fronteira para o Crédito Consignado no Cooperativismo de Crédito”.
Juliano Potrich, da Sicredi Confederação, também apresentou a palestra “Oportunidades e desafios do atendimento por Inteligência Artificial em cooperativas de crédito”. Para ele, “a tecnologia nova chega e a gente precisa ter apetite ao risco”. Nesse cenário, a IA pode reduzir custos e impulsionar a personalização dos atendimentos graças às capacidade de entender o contexto.
Luciana Brick Pereira, da Viacredi; Rodrigoh Henriques, da FENASBAC; e Walmir Segatto do Sicoob Credicitrus. Crédito: Camila Menezes
Encerrando o primeiro dia de plenárias, Luciana Brick Pereira, diretora de operações na Viacredi; Rodrigoh Henriques, diretor de inovação e estratégia na FENASBAC; e Walmir Segatto, CEO no Sicoob Credicitrus discutiram a pertinência e os caminhos para enfrentar a concorrência com bancos digitais e fintechs. “De que forma podemos ser cooperativa no digital? Ainda não chegamos a essa conclusão”, provocou Luciana.
Segundo dia: benchmarking e gestão
Abrindo o segundo dia, Luciano André Ribeiro, superintendente de crédito e recuperação no Itaú Unibanco, iniciou os trabalhos discutindo a jornada do tomador de crédito, mostrando caminhos para acompanhar a vida financeira do cliente e prevenir inadimplência. A tomada de crédito, ele explica, é uma decisão emocional. “Hoje o mundo é muito mais sobre ouvir do que falar, inclusive para prevenir a inadimplência”, ponderou.
Luciano André Ribeiro, superintendente de crédito e recuperação no Itaú Unibanco. Crédito: Camila Menezes
Luís Carlos Krupp, CEO da Zixbe, discorreu sobre como aumentar a eficiência nas cooperativas. Para ele, mapear processos é fundamental para entender as etapas que agregam valor. Assim sendo, o mapeamento é importante a fim de definir o que fazer para tornar as cooperativas mais eficientes.
Depois, Harold Espínola, especialista em cooperativismo de crédito; Marcelo Vieira Martins, diretor executivo na Unicred União; e Tiago Schmidt, presidente do conselho de administração da Sicredi Pioneira, discutiram sobre a consolidação do ramo crédito: refletindo sobre como crescer sem descaracterizar o modelo de negócios cooperativista.
Miriam Cechin da Silva, diretora superintendente do Banricoop; Danilo Lateri, diretor de negócios do Sicoob Metalcred; e Eduardo Ribeiro, co-founder e CEO da Threeo It Company, debateram a importância da gestão à vista para Cooperativas de Crédito. “O principal desafio é que as pessoas entendam a gestão à vista como algo imediato e necessário”, argumentou Lateri.
Aplicações da IA, sustentabilidade e segurança
Rodrigo Borelli Modolin, superintendente sênior de negócios – crédito no Bradesco; e Enrico Chiavegato, superintendente de crédito também do Bradesco, apresentaram suas experiências na automação de decisões de crédito com apoio de ferramentas tecnológicas, como IA e machine learning. “Dados são o novo petróleo, pois geram muito valor e riqueza”, disse Modolin.
Seguindo na mesma seara, Mauricio Teramoto, diretor de negócios de dados e analytics na B3, falou sobre Inteligência no uso de dados e IA no ciclo de crédito. “Muitas vezes focamos na inovação e esquecemos da dor que precisamos solucionar”, aponta ele. Crédito mal dado é capaz de quebrar bancos, por isso esse é um tema central para organizações financeiras, acrescentou.
“O papel das cooperativas de crédito na transição para Finanças Sustentáveis” foi o tema do painel com Nathalie Vidual, superintendente de orientação aos investidores e finanças sustentáveis na CVM, Isabela Damaso, chefe da unidade de sustentabilidade e investidores de portfólio internacional no Bacen, e Natália Braulio, especialista em finanças sustentáveis na FENASBAC.
Para terminar a plenária do Cooptech Crédito 2025, Janiele Fernandes Pereira, business owner de aquisições na Unicred, apresentou o case de onboarding digital da Unicred. A fim de enfrentar fraudes ao mesmo tempo em que torna o onboarding digital mais eficiente, a cooperativa apostou na tecnologia e obteve resultados positivos – e foi até mesmo premiada.
Arena de debates do Cooptech crédito 2025
No primeiro dia, a Arena de Debates iniciou com o tema “Gargalos na análise de crédito: como agilizar e digitalizar os processos”, que contou com Rodrigo Cabernite, co-CEO e co-founder da Gyra+; Rafael Fermino da Silva, superintendente de crédito da Sicoob Credisul; e Vitor Simão, country manager Brazil na Qualtrics. Os palestrantes identificaram a integração de sistemas e a resistência a mudanças como principais obstáculos à modernização das análises de crédito.
Em seguida, Érica Fabiana Machado, diretora superintendente da Sicoob Crediacil; Maíra Santiago, diretora-presidente da Cooperativa Coletiva; e Luciana Brick Pereira, diretora de operações na Viacredi, discutiram as lideranças femininas no ramo Crédito. Elas abordaram a necessidade de medidas concretas para incentivar a participação feminina, como letramento em todos os níveis da cooperativa e mentoria de mulheres que já alcançaram posições de destaque.
Érica Fabiana Machado, da Sicoob Crediacil; Maíra Santiago, da Cooperativa Coletiva; e Luciana Brick Pereira, da Viacredi. Crédito: Camila Menezes
O debate sobre transformação digital nos processos de atendimento e relacionamento com os cooperados teve a participação de Eduardo Hanauer, gerente de customer experience da Unicred União; Francisca Silva, coordenadora de soluções corporativas no Sicoob Nova Central; e Mary Losilla, gerente de canais na Lecom. A conversa trouxe experiências sobre como implementar novas tecnologias sem perder o caráter humano, tanto perante o cooperado quanto na relação com o colaborador.
A discussão sobre a adoção de IA em cooperativas de crédito reuniu Diogo Anderson Angioleti, gestor executivo na Transpocred; Alessandro Graczyk Moraes, CEO na Softfocus, e Juliano Potrich; gerente de inteligência artificial no Sicredi Confederação. Os cases apontaram para a velocidade com que a inteligência artificial é capaz de captar as necessidades do cooperado. O Sicredi aplica essas inovações através do Theo, ferramenta de IA presente em todos os canais digitais do sistema.
Para atender melhor pessoas e normas
“O novo papel dos PAs com a expansão do atendimento digital” foi tema para Manoela Sampaio do Amaral, diretora de processos na Construtora Baggio; Luciano Cezar Barreiros, diretor executivo de apoio a negócios no Sicoob Credinorte; e Cassius Lopes da Silva, diretor administrativo na Sicoob Credilivre. Os palestrantes discutiram sobre como criar ambientes digitais e omnichannel sem perder o conforto e a intimidade com o cooperado.
Elio Kawka Junior, diretor de operações na Sicredi Nossa Terra PR/SP; Kedson Macedo, especialista em cooperativismo de crédito e conselheiro do FGCoop; e Feulga Abreu dos Reis, analista de relações institucionais na OCB discutiram sobre como cooperativas de diferentes portes se adaptaram à resolução CMN 4.966. As experiências relatadas mostram que houve necessidade de ajustes no apetite por risco, na precificação e até na cultura organizacional.
Fechando o primeiro dia da Arena de Debates, Ivo Lara Rodrigues, diretor presidente na FNCC; Rafael Fermino da Silva, superintendente de crédito da Sicoob Credisul; e Gibran Antonio Pulga, diretor na Desys Finance, discutiram os desafios de adaptação às novas regras do crédito consignado. O Crédito do Trabalhador ainda é uma medida provisória, mas veio para ficar e é uma oportunidade única de crescimento para as cooperativas, conforme destacou Rodrigues.
Experiências digitais
O segundo dia da Arena de Debates se iniciou com uma conversa sobre aréditos estressados, que contou com Luís Carlos Krupp, CEO da Zixbe; Daniel Ramos, CEO na Smart Compass; Ruan Queiroz, diretor de negócios no Sicoob Ouricred; e Rafael Kerche de Oliveira, diretor financeiro no Sicoob Cooplivre. Os palestrantes trouxeram experiências de como lidar com inadimplências, assim como cobrar o cooperado sem cortar a relação de maneira definitiva.
O tema “Digitalização de processos em cooperativas singulares e independentes” foi abordado por Ademir Carota, diretor executivo na Sicoob Cocred, Gilson Falleiro Neves; superintendente de negócios na Sincronica S/A; e Paulo Thomson de Lacerda, diretor de operações na Sisprime do Brasil. O debate passou por processos de inovação, comparação com o panorama do mercado financeiro e mudanças nos postos de atendimento.
“Pix, Drex e o futuro das transações financeiras” foi o tema da discussão protagonizada por Fernando Lucindo, fundador do Fernando Lucindo Advogados; Mateus Casanova Pereira, head de drex e open finance na Unicred; e Bruno Oliveira, superintendente executivo de desenvolvimento de negócios no BS2. A conversa trouxe atualizações sobre o estágio de testes do Drex e projetou possibilidades para o futuro do Pix e dos pagamentos como um todo.
Daniel de Oliveira Magalhães, da Sicoob Credicom; Thiago Pandolfo, do complexo.lab na Sicredi Pioneira; e o professor Leandro Luiz Branco. Crédito: Camila Menezes
Daniel de Oliveira Magalhães, superintendente de estratégia, finanças e inovação na Sicoob Credicom; Thiago Pandolfo, head do complexo.lab na Sicredi Pioneira; e Leandro Luiz Branco, professor, autor e palestrante, abordaram a maturidade dos programas de inovação e seus novos rumos. Entre outras reflexões, os palestrantes mencionaram o equilíbrio entre resolução de problemas atuais e o planejamento para projetos mirando o futuro.
Concluindo a Arena de Debates, o painel “Open finance: como transformar risco em oportunidade” contou com Paula Daniela Fantinel, gerente de open finance do Sicredi; Mateus Casanova Pereira, head de drex e open finance na Unicred; e Samuel Conte Freire Jr., head de open finance na Ailos. O debate se centrou em formas para integrar os benefícios do Open Finance às jornadas financeiras já utilizadas pelo cooperado.
Cooptech Crédito 2025: conteúdo, networking e intercooperação
Durante os dois dias, o Cooptech Crédito 2025 ofereceu aos participantes mais de 20 horas de conteúdo, distribuído entre palestras e painéis que abordaram desde tecnologia até os desafios do cooperativismo financeiro.
Em um ambiente propício à troca de experiências, o congresso serviu para a disseminação de conhecimento e também como um espaço para a intercooperação, componentes para que as cooperativas de crédito busquem a profissionalização e a inovação, em linha com seus objetivos de desenvolvimento.
Além do Cooptech Crédito, a Coonecta também organiza o Cooptech Summit e o RH Coop Conference, que acontecem WCM, nos dias 22 e 23 de setembro no Minascentro, em Belo Horizonte. Garanta já sua participação!