Horizontes de inovação da McKinsey: o que são e como usá-los

Quem nunca deixou um projeto “para depois” porque não tinha condições de se arriscar com inovação no momento? Esse fenômeno é mais comum do que se imagina e acaba sendo um problema para gestores que querem alcançar novos caminhos, mas terminam se sentindo inseguros ou sobrecarregados demais para isso. Esse contexto deu origem aos horizontes de inovação.

A ambidestria organizacional define a capacidade de explorar inovações incrementais e disruptivas sem perder a capacidade produtiva e de rentabilidade. Trata-se de uma característica essencial para suceder no mercado contemporâneo e, por isso, vem sendo amplamente estudado e analisado. 

Foi pensando nisso que a McKinsey & Company, uma instituição focada em gestão de negócios que conta com mais de 20.000 consultores e especialistas, desenvolveu um framework que foi chamado de “Horizontes de Inovação” e que mapeia estratégias para alcançar o equilíbrio entre inovação incremental e inovação radical.

A seguir, vamos explicar cada um dos horizontes de inovação e debater sobre como as cooperativas podem usá-los para seguir planos de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, continuar beneficiando os membros, a comunidade e o meio ambiente.

O que são horizontes de inovação da McKinsey?

Quando se trata de enxergar um futuro que contemple suas expectativas de inovação e de produtividade, é preciso olhar para frente. Por isso, nada mais justo do que o nome “horizontes de inovação” para descrever modelos estratégicos focados nessa jornada. 

Divididos em três modelos, cada um desses caminhos representa um tipo específico de inovação. A fim de alcançar os objetivos, o framework traz diferentes estratégias e níveis de riscos. A seguir, então, vamos conhecer cada um deles:

Horizonte um (H1)

Esse horizonte de inovação mira o estilo incremental. Seu foco está na melhoria de produtos, serviços ou processos que já existem na organização, mas que precisam de aprimoramento. Nessa categoria, é comum encontrar ajustes mais graduais e longos, já que a mudança ocorre de maneira contínua. 

Esse formato é excelente para marcas que precisam manter os resultados estabilizados, pois não faz transformações muito drásticas. Apesar de demorar um pouco mais de tempo para que as diferenças sejam notadas, ele é muito indicado para instituições cujos perfis exigem um planejamento mais detalhado e afeito ao conforto de todos os envolvidos.

Imagine que você atua comercializando laticínios e decide usar esse horizonte de inovação. Nesse cenário, você não mudaria a sua linha de produtos nem revolucionaria a forma de produção. A ideia é manter a rotina, mas agir pontualmente em prol de ter uma operação mais ágil, produtiva e funcional.

Horizonte dois (H2)

Utiliza-se em formatos de inovação que demandem a criação de novos produtos, serviços ou processos. A ideia é aperfeiçoar uma linha que já existe, mas com a introdução de novas ferramentas que são implementadas a partir de oportunidades de mercado ou de alterações no perfil dos consumidores.

Esse horizonte de inovação precisa ser acompanhado de um pouco mais de investimento e de preparação. Afinal, por envolver mudanças no comportamento da marca e na relação com o público-alvo, essa estratégia pode gerar riscos maiores. Ao escolhê-lo como o caminho usado pela sua cooperativa, é importante fazer um planejamento caprichado. 

Ainda no exemplo dos laticínios, poderia ser necessário oferecer uma linha nova de produtos ou mudar o fluxo de preparação dos alimentos. A rotina dos colaboradores seria diretamente impactada, bem como os formatos de distribuição e atendimento. É possível também que os clientes passassem a ter uma relação um pouco diferente com a marca e as novidades apresentadas.

Horizonte três (H3)

O terceiro e último horizonte de inovação é para quem quer mudanças drásticas. Vista como uma categoria radical, ela visa romper totalmente com indústrias já estabelecidas e partir de pontos de vista e ambientes que, até então, ainda não haviam sido explorados. 

Nesses casos, a velha premissa de que “quanto maior é a subida, maior é o risco” é válida. Entende-se que o alto nível de investimento envolvido nessa estratégia pode ser impactado pelas incertezas que estão por vir em um mercado totalmente novo. Ao mesmo tempo, há também as chances de criar um caminho totalmente novo e se consolidar como uma cooperativa pioneira em um determinado segmento.

Para materializar através do nosso exemplo de laticínios, suponha que você decidiu criar um formato totalmente novo de criação de animais, vender em pontos de venda nunca antes explorados e proporcionar um tipo diferente de produto. Essa revolução se enquadra muito bem no horizonte três da linha McKinsey.

Como aplicar os horizontes de inovação nas cooperativas

Depois de conhecer os três horizontes de inovação mapeados pela McKinsey, é hora de começar a entender como funciona o processo de aplicação desses sistemas em cooperativas. Para isso, vale pensar que tudo começa através de um objetivo bem traçado, seja ele o aumento das vendas, a melhoria do fluxo e das condições de trabalho, ou o crescimento do valor da marca, por exemplo. 

Com isso definido, você pode determinar qual horizonte é mais interessante para a sua necessidade e, principalmente, qual é o seu nível de preparação para implementá-los. A seguir, você descobrirá detalhes sobre cada caso.

Como aplicar o primeiro horizonte de inovação

Como vimos, o primeiro horizonte consiste em uma otimização de operações que já existem. Portanto, para que ele possa ser praticado, é preciso ter uma boa percepção de como as coisas estão sendo feitas no momento atual.

Depois de fazer uma boa análise dos pontos de atenção, inicia-se um processo de aprimoramento que pode ocorrer de maneira gradual. Isso significa que tanto os clientes quanto os colaboradores vão notar pequenas mudanças no dia a dia que, depois de algum tempo, passarão a ser naturais e representarão uma nova era na maneira de fazer as coisas.

Como aplicar o segundo horizonte de inovação

Se o segundo dos horizontes de inovação for o escolhido, é indicado se preparar para transformações maiores e mais significativas. Elementos como a diversificação do portfólio e a expansão para novos territórios são exemplos de atitudes comuns nessa estratégia.

Mas lembre-se: não basta apenas fazer barulho. Tudo o que é feito precisa ser baseado em pesquisas de mercado, dados atualizados ou demandas reais. A equipe da cooperativa precisa ser informada de forma clara sobre o que acontecerá e o público precisa ser atingido do jeito certo.

É preciso juntar recursos e criar planos alternativos para o caso das respostas serem diferentes do que o imaginado. Afinal, trata-se de uma área nova e as surpresas fazem parte de qualquer adaptação.

Como aplicar o terceiro horizonte de inovação

Quem opta pelo terceiro horizonte precisa estar pronto para impactar e se destacar no mercado. Um planejamento sólido e detalhado precisa ser desenvolvido, pois é muito provável que surpresas cheguem, sejam elas positivas, negativas ou neutras.

Trabalhe em uma cultura organizacional firme e pronta para a inovação, formalize parcerias que serão saudáveis para vocês, adote tecnologias que vão lhe ajudar a longo prazo e estude muito bem o seu público-alvo.

Por fim, posicione-se como uma protagonista que entende que algo não está certo no sistema atual e que quer criar uma realidade realmente benéfica para a comunidade, o meio ambiente e o mercado. Experimente, teste, mude e faça o que for necessário para que a sua ideia se consolide dentro dos valores e dos princípios cooperativistas.

Os horizontes de inovação estão ao seu dispor

Ver tantos formatos de transformação pode ser inspirador. Ainda assim, muitos gestores acabam deixando esse conhecimento de lado por acharem que é impossível inovar sem perder o fluxo de lucratividade e produtividade.

Mas a verdade é que quando há a implementação correto do planejamento, a ideia de gerenciar uma nova era na sua cooperativa sem que ela perca a posição atual é totalmente realista. Para isso, basta conhecer os caminhos corretos.

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Carolina Mulero
Carolina Mulero
Redatora e autora, formada em Publicidade e Propaganda e pós-graduada em Cinema e Audiovisual. Acredita que qualquer conteúdo pode se transformar em uma história envolvente.