Os princípios cooperativistas fazem cada vez mais sucesso no cenário atual. Podemos observar esse fenômeno por meio dos números crescentes em cada ramo de cooperativas no Brasil.
Para ressaltar o impacto socioeconômico do movimento, o Sistema OCB apresenta o Anuário do Cooperativismo Brasileiro (AnuárioCoop 2022). Os dados divulgados ressaltam a potência do cooperativismo e podem ajudar no crescimento do setor.
De acordo com o Anuário da OCB, até 31 de dezembro de 2021, o Brasil contabilizava 4.880 cooperativas registradas no Sistema OCB, que atuam nos sete ramos do cooperativismo. E tivemos também 185 novas cooperativas registradas de forma online na OCB. A seguir, confira os principais números do setor.
Principais números nos ramos do cooperativismo
Em geral, todos os ramos do cooperativismo demonstram evolução no Brasil, com destaque para o agro, que é líder em número de cooperativas e empregados. Veja, na imagem abaixo, o desempenho de cada ramo em 2021:
Em termos financeiros, o ativo total do movimento cooperativista alcançou a marca de R$ 784,3 bilhões, um aumento de 20% em relação a 2020.
Já os ingressos (receitas e ganhos, bem como demais rendas e rendimentos decorrentes dos atos cooperativos) somaram 524 bilhões, 26% maior quando comparado ao ano anterior.
Além disso, vale ressaltar que o cooperativismo faz a diferença na vida dos cidadãos ao reinvestir seus resultados e trazer avanço para toda sociedade. Apenas em 2021, segundo o AnuárioCoop, as cooperativas injetaram mais de R$ 17 bilhões em tributos nos cofres públicos. Isso sem contar nos mais de R$ 18 bilhões referentes ao pagamento de salários e outros benefícios destinados a colaboradores.
Mas é preciso olhar além dos números. Por isso, vamos analisar questões imprescindíveis para o passado, presente e futuro do cooperativismo enquanto modelo econômico sustentável.
Cooperativismo continuou gerando empregos mesmo com a pandemia
Com a pandemia de Covid-19 atingindo diversos setores, era de se esperar que, dentre tantas complicações, o número de desempregados aumentasse. A taxa média de desocupação chegou a 11,1% em 2021, afetando mais de 12 milhões de pessoas. Entretanto, o cooperativismo teve números positivos no período:
Mesmo em contexto pandêmico, o cooperativismo gerou 493.277 empregos diretos em 2021, um aumento de 8% frente ao ano de 2020. Apenas no estado de São Paulo, 66.541 pessoas foram empregadas em 2021.
A distribuição por gênero dos funcionários em cooperativas é quase igualitária: a força feminina representou 49% do total – um aumento de 14 pontos percentuais em relação a 2020. Porém, ainda há muito espaço para ser conquistado, uma vez que, em 2021, apenas 20% das mulheres ocupavam posições de liderança nas cooperativas brasileiras.
Diversidade de gênero na lideranças das cooperativas no Brasil
O propósito cooperativista é ligado à propagação da pluralidade. E para incentivar o olhar criativo – e consequentemente a inovação – é necessário que a diversidade de gênero, de raças, culturas e de pensamentos seja promovida.
Em 2020, apenas 17% das mulheres ocupavam cargos de dirigentes das cooperativas. Em 2021, como citado anteriormente, esse número subiu para 20%. Entretanto, esse aumento de apenas 3% não faz jus à força de trabalho das mulheres deste movimento.
A presença das mulheres é destaque nos ramos consumo e saúde, alcançando quase a metade dos cooperados desses ramos: 45% e 46%, respectivamente. Mas é preciso que esses números não se resumam apenas a alguns setores.
As lideranças cooperativas necessitam de mais comitês e projetos envolvendo as mulheres, e não apenas equipar a quantidade de mulheres como dirigentes. Mas também formar e capacitar essas lideranças, para que todo potencial intelectual e profissional seja atingido.
Agro demonstra resiliência
O cooperativismo agropecuário é um dos ramos mais tradicionais do modelo de negócio cooperativista. Não é à toa que apresenta grandes números e demonstra resiliência em períodos de crise econômica, como foi possível observar durante a pandemia.
Alimentos tão básicos do nosso dia a dia – arroz, feijão, carne, legumes, ovos, leite, café e tantos outros – são produzidos em cooperativas. Por isso, o poder de escala e atuação no mercado do ramo agropecuário cooperativista é tão vasto.
Somente em 2021, as cooperativas agropecuárias somaram R$ 230 bilhões em ativos, um aumento de 43% em relação ao ano anterior, que contou com R$ 160 bilhões. E os ingressos do exercício foram da ordem de R$ 358 bilhões. Além disso, elas recolheram mais de R$ 12,8 bilhões em impostos.
Por meio desse resiliente e crescente ramo, todos os agentes – do pequeno ao grande produtor – conseguem mais controle de seus processos, além de contarem com serviços de assistência técnica e uso de novas tecnologias que garantem agregação de valor à sua produção.
Cooperativas de saúde: referência no combate à pandemia
A crescente do número de beneficiários das cooperativas médicas no Brasil, além da ampliação de contratos para atendimento da população, mostram a confiança dos seus usuários e a solidez desse movimento. Podemos também visualizar esse sucesso nos números durante a pandemia.
As cooperativas de saúde realizaram mais de três milhões de internações e atenderam 16 milhões de pessoas. A linha de frente no combate à Covid-19 foi reforçada por profissionais de saúde ligados às cooperativas e à rede de atendimento. Dessa forma, problemas ainda maiores foram evitados no sistema de saúde do país.
O cooperativismo de saúde brasileiro é o maior do mundo. Assim, torna-se também uma referência para todos os países que desejam crescer nesse setor por meio do modelo de negócios cooperativista.
Cooperativismo de crédito segue crescendo sua rede de atendimento
O Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) continua crescendo em sua rede de atendimento, além de ter aumentado o volume de empréstimos e transações financeiras – ao contrário de grandes instituições financeiras que reduziram sua participação no mercado durante a crise.
Assim, o ramo ganha cada vez mais espaço no sistema financeiro e se apresenta como a principal instituição financeira para uma população de 4,16 milhões de pessoas em todo o Brasil. Em 2021, o número de cooperados de crédito no universo das cooperativas singulares – entre pessoas físicas e jurídicas – aumentou 11,11% em relação a 2020.
O Sistema OCB já soma mais de 700 cooperativas de crédito com registro ativo e autorizadas pelo Banco Central do Brasil. Sua rede de atendimento de 7.976 pontos demonstra que ele se consolida como um dos principais agentes de inclusão financeira do país.
Conclusão
O AnuárioCoop 2022 disponibiliza para cooperativas, imprensa, organismos públicos e privados os números necessários para subsidiar estratégias que possibilitem o crescimento de todos os setores cooperativos. Além disso, destaca a potência e protagonismo desse modelo de negócios.
Então, os insights e números aqui apresentados demonstram o fortalecimento das cooperativas no Brasil, uma vez que a maior parte dos ramos demonstrou resiliência e melhora de resultados em relação ao ano de 2020. De modo geral, ainda temos um grande caminho a ser percorrido na esfera de diversidade e inclusão de gênero, mas o futuro é promissor.
Para acessar o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2022 na íntegra, clique aqui.