Real Digital: o que é o Drex e como ele impacta as cooperativas de crédito

Que o futuro da economia é digital, ninguém mais tem dúvidas. Desde que ferramentas como os bancos digitais, o PIX e o Open Finance surgiram, a forma como empresas e pessoas se relacionam com transações comerciais vem mudando significativamente. Nesse cenário, o Real Digital, batizado como Drex, se apresenta como o próximo passo dessa revolução. 

A seguir, vamos explicar o fenômeno de tokenização da economia e mostrar como o Drex pode ser promissor para o segmento cooperativista, explorando as oportunidades para líderes e gestores que tenham interesse em maneiras inovadoras e disruptivas de lidar com os serviços financeiros. 

O que é Drex, o Real Digital?

O Drex, também conhecido como Real Digital, é um elemento criado para digitalizar a moeda brasileira, tendo a mesma função e relevância do formato tradicional do nosso dinheiro. A inovação transforma a moeda em um token, que é a representação digital de um determinado ativo. No caso, esse ativo é o próprio real. 

Emitido exclusivamente pelo Banco Central, ele conta com as mesmas garantias e com a mesma segurança, além de ter um valor semelhante ao do real tradicional. A intenção é que ele permita diversas transações financeiras digitais de maneira inteligente e otimizada dentro da plataforma Drex, pertencente ao BC. 

Para que isso seja possível, os órgãos responsáveis pelo projeto contam com um sistema de blockchain extremamente sofisticado e que utiliza a tecnologia de registro distribuído, também conhecida como Distributed Ledger Technology (DLT).

Os benefícios do Dex

Existem muitos benefícios envolvidos no uso do Drex, mas o principal deles é, com certeza, a conveniência dos clientes e vendedores. Um dos grandes diferenciais está no fato de que as transações só se concretizam quando todos os lados envolvidos cumprem com as suas obrigações. Contudo, caso algo saia do planejado, o Drex permite que o dinheiro seja automaticamente devolvido e que a tentativa seja cancelada.

O Drex não vai funcionar como uma alternativa ao Pix. Ou seja: cada ferramenta será usada em situações diferentes. Em um vídeo no canal do Banco Central, Gustavo Igreja, que é líder de conteúdo do BC, explica:

“Toda vez que você for fazer um pagamento simples, você usa o Pix, como já funciona hoje. Mas toda vez que você precisar condicionar a sua operação – por exemplo, garantir que seu dinheiro só saia da conta quando você receber o produto ou serviço que está contratando – aí você faz o Drex”. 

A força das moedas digitais no mundo

O Drex é uma CBDC (central bank digital currency ou, em português, moeda digital do banco central). É por meio das CBDCs que o processo de tokenização da economia global está ganhando corpo. 

Estimativas do Fórum Econômico Mundial e do Boston Consulting Group antecipam que a economia tokenizada vai representar US$ 16 trilhões entre 2027 e 2030. Esse valor, portanto, equivale a 10% do PIB global.

Além disso, um mapeamento feito pelo The Atlantic Council CBDC Tracker identificou que 130 países já aderiram aos estudos de CBDCs. Dentre eles, 64 já alcançaram uma fase avançada de desenvolvimento. No Brasil, a ideia é lançar o Drex ao público entre 2024 e 2025. 

Drex e cooperativismo: entendendo o potencial dessa relação

A relação entre o cooperativismo e o incentivo à inovação vem crescendo e se consolidando ao longo dos anos. Com o Drex não é diferente, já que o olhar atento desse movimento detectou essa tendência ainda em seu início e enxergou o potencial da tecnologia. 

O SFCoop, um consórcio composto pelas cooperativas de crédito Sicoob, Sicredi, Ailos, Cresol e Unicred, participa dos testes do Drex. O grupo realizou as suas primeiras emissões tokens Drex em agosto de 2023. Na iniciativa, cerca de R$ 1.500,00 foram convertidos para a carteira digital do consórcio.

Mas isso é só o começo: a ideia do consórcio é seguir com os testes e torná-los cada vez mais assertivos. Na expectativa de agilizar e popularizar o uso do Drex, o SFCoop pretende fazer transferências do real digital através de carteiras diferentes, bem como integrar operações que atuam com títulos públicos digitais.

“Os sistemas cooperativos estão envolvidos nas mais diversas discussões de inovação do mercado financeiro, entre elas, a tecnologia blockchain: essa experiência dos players foi fundamental para que o BC selecionasse a coalização para participar do piloto, já que a experiência na tecnologia era um dos critérios para a seleção”, comunicou o SFCoop na ocasião. 

Aplicações do Drex no cooperativismo

Quando incentivamos uma transformação que vai ser benéfica tanto para nós quanto para o mundo ao nosso redor, sentimos que estamos cumprindo com alguns dos valores mais relevantes do cooperativismo. O ciclo positivo que vem sendo gerado pela dinâmica entre o Drex e o movimento é um ótimo exemplo disso.

Em um primeiro momento, as cooperativas de crédito são as grandes interessadas na evolução do Real Digital. Marcio Alexandre, representante técnico do SFCoop, explica que o Drex abre novas possibilidades para tokenizar ativos, facilitar a averiguação de garantias numa operação de crédito e simplificar o processo de sindicalização de empréstimos. 

“Se eu avanço com garantias no Drex, isso reduz custo e traz agilidade. A instituição grande e a pequena conseguem acesso à mesma garantia”, explica Alexandre. No entanto, esse é apenas o começo: quanto mais o Drex se fortalece, mais rapidamente ele será adotado por outros ramos do cooperativismo. 

Inovação no cooperativismo de crédito

A chegada do Real Digital representa mais uma etapa da modernização do sistema financeiro brasileiro. Por meio do SFCoop, o cooperativismo de crédito está realizando sua vocação inovadora e fazendo parte de mais esse capítulo no amadurecimento bancário nacional. 

As cooperativas de crédito levam a inovação a sério. Pensando nisso, a Coonecta preparou o Cooptech Crédito, um evento rico em conteúdo e desenvolvido com foco em cooperativas financeiras. A ideia é trazer estudos de casos reais, abordar assuntos inovadores e criar um diálogo verdadeiro e otimista sobre o que o futuro do segmento reserva.

A segunda edição do Cooptech Crédito vai acontecer nos dias 22 e 23 de maio, em São Paulo. Ao todo, serão mais de 40 palestrantes e 24 horas de conteúdo com cases inspiradores, painéis de especialistas e discussões sobre as principais tendências do ramo

Confira, então, os palestrantes, dê uma olhada na programação e faça a sua inscrição no site do Cooptech Crédito!

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Carolina Mulero
Carolina Mulero
Redatora e autora, formada em Publicidade e Propaganda e pós-graduada em Cinema e Audiovisual. Acredita que qualquer conteúdo pode se transformar em uma história envolvente.