Cooptech: conheça as startups cooperativas

Se a palavra cooptech é novidade para você, pode se preparar para ouvir cada vez mais esse termo a partir de agora. Com a expansão do cooperativismo digital no mundo e a nova economia da colaboração, as cooptechs vieram para ficar.

E elas já estão no centro dessa revolução. Não estamos falando de mais um termo da moda, mas de uma mudança cultural importante para a sociedade moderna.

Por isso, neste artigo eu vou te mostrar o que é uma cooptech, como essas cooperativas funcionam e alguns cases que valem muito a pena conhecer.

Conheça o movimento Tech

Antes de partir para o conceito de cooptech, vamos dar um passo atrás e entender o movimento Tech, uma avalanche de iniciativas e soluções que têm impactado profundamente a forma de se fazer negócios.

As “techs” são startups de tecnologia com soluções em larga escala para problemas que afetam todo tipo de pessoas ao redor do globo. Ou seja, ao atacar esses problemas de forma completa e conectada, essas empresas causam impacto imediato na sociedade.

Um exemplo disso é o Airbnb. O que começou como um simples site de aluguel de quartos se tornou uma gigante da tecnologia que bateu de frente com grandes hotéis nas maiores cidades do mundo.

Outro caso clássico são as startups de soluções de pagamento, como Square, Paypal, PagSeguro e tantas outras. Todas elas oferecem soluções que há alguns anos custariam caro para boa parte dos pequenos empreendedores ou profissionais liberais.

Aliás, ainda há muitos outros casos, como:

  • sites de comparação de preço, como Buscapé e Zoom;
  • redes sociais, como Facebook e Instagram;
  • aplicativos de mensagem, como WhatsApp e Messenger;
  • plataformas de gestão, como Intuit e ContaAzul;
  • serviços de entretenimento, como Netflix;
  • e muitos outros, em diversos setores.

O que é uma cooptech

Você com certeza já conhece pelo menos parte das empresas citadas acima, e elas são apenas uma amostra do tamanho e relevância do movimento tech. Mas fica a pergunta: o que é uma cooptech? 

De forma bem simples:

Uma cooptech é uma cooperativa com modelo de negócio inovador e digital.

Há diferenças entre uma cooptech e uma startup tradicional?

Sim, existe uma diferença fundamental entre uma cooptech e uma startup tradicional: sua jornada de crescimento e o objetivo do negócio.

Startups, em geral, são criadas contando com diversas etapas de venda de participação societária a investidores. Assim, elas precisam demonstrar um grande potencial de fluxo de caixa futuro e dependem de grandes aportes de capital para ganharem tração.

Por isso, os fundadores vendem uma parcela de sua participação da empresa para fundos de investimento, investidores anjo e outros. Assim, isso coloca o negócio nas mãos de pessoas cujo objetivo é ter retorno pelo investimento que fizeram.

Então, as decisões nem sempre refletem o ideal de negócio ou a solução do problema para o qual a empresa foi criada. 

Por exemplo, os investidores podem vender a empresa para um concorrente que vai fechar o negócio por completo, se a oferta trouxer o retorno financeiro esperado.

Já os fundadores, em muitos casos estão mais preocupados em vender aquela empresa a investidores, do que em permanecer na startup no médio e longo prazo. Isso gera uma visão de curto prazo dos próprios fundadores para aquele negócio.

Já numa cooptech a participação é compartilhada desde o início tendo um único objetivo em mente: desenvolver o negócio no longo prazo. Então, não há intenção de venda de participação, nem de saída dos investidores. O objetivo é de longo prazo e os cooperados, como se sabe, detém a gestão e propriedade compartilhada do negócio.

Cooptech: além da cooperativa de plataforma 

Outro ponto que vale destacar é que uma cooptech não se limita ao formato de cooperativa de plataforma. É verdade que esse modelo de negócio tem crescido bastante, tanto entre as cooperativas quanto entre startups tradicionais. Mas há diferenças.

Não há uma definição consensual sobre o que é cooptech. Então nós, da Coonecta, resolvemos criar uma.

O cooperativismo de plataforma é um movimento progressista que visa corrigir distorções das grandes plataformas pois estas têm gerado forte precarização do trabalho. Cooptech é um termo mais abrangente e neutro, que não se refere especificamente a um movimento ou ideologia.

Assim, apesar de toda cooperativa de plataforma ser uma cooptech, nem toda cooptech precisa ser de plataforma. Isso depende muito do segmento ao qual a cooperativa pertence e do posicionamento da cooperativa.

3 exemplos de cooptech que você precisa conhecer

Há vários exemplos de cooptech que vale a pena conhecer. Vou mostrar alguns deles para você na lista a seguir:

Driver’s Seat

A Driver’s Seat é, basicamente, um aplicativo para motoristas de aplicativo. Mas como assim?

Imagine que um associado da cooperativa faz corridas usando o Uber. Ao iniciar uma corrida, ele liga também o app da Driver’s Seat, que realiza uma função dupla:

Primeiro, entrega dados que ajudam o motorista em seu trabalho, como cálculo de quilômetros rodados e quilometragem remunerada. Desse modo, os motoristas verificam se os aplicativos que usam para trabalhar estão calculando corretamente seus quilômetros rodados.

Além disso, o app indica melhores horários e locais para buscar novas corridas, a fim de que o motorista use melhor seu tempo e ganhe mais dinheiro.

Cooptech: Driver's Seat

A segunda função do Drivers Seat é fornecer dados de mobilidade para órgãos públicos, consultorias ou entidades de pesquisa. Como?

Primeiro, ela reúne os dados de mobilidade de todos os associados. Imagine, por exemplo, quantos insights valiosos esses dados são capazes de gerar para estudos de mobilidade urbana.

Ao vender essas informações, o valor é revertido para os próprios motoristas.

Como exemplo, a Driver’s Seat vendeu dados de mobilidade para uma agência municipal da cidade de São Francisco, nos EUA, por cerca de 45 mil dólares.

Ampled

O Ampled é uma espécie de Spotify no modelo de cooperativa. E a ideia faz todo o sentido. Os próprios artistas que expõem seu trabalho no Spotify já reclamaram em público inúmeras vezes das taxas consideradas abusivas do app para remunerar seu trabalho.

Cooptech: Ampled

Por outro lado, o Ampled vai na contramão e oferece uma solução em que todos detém a propriedade e gestão compartilhada do aplicativo por meio do cooperativismo.

Atualmente a cooperativa conta com mais de 470 artistas cooperados, e se contrapõe muito bem com outras plataformas como o Patreon, que segue um modelo tradicional de buscar o máximo de crescimento e lucro em primeiro lugar.

Fairbnb

Você se lembra que eu citei o Airbnb como exemplo de startup de tecnologia? Pois esse nome, Fairbnb, não é à toa. O modelo de cooperativa de aluguel de curto prazo se baseou na empresa norte-americana.

E qual o objetivo da palavra “Fair”, que vem do inglês “justo”, no nome? Refletir o ideal de lutar contra a escalada de preços abusivos em aluguéis de curto prazo na Europa.

Cooptech: FairBnb

Não se trata só de gerar receita, há um ideal por trás. Esse exemplo reflete bem a diferença entre uma startup comum e uma cooptech.

Assim, fica claro que cooptech é o modelo de negócio das cooperativas jovens e digitais, com formas inovadoras e tecnológicas de resolver problemas. Essas soluções vieram para ficar e vão crescer cada vez mais, de forma acelerada.

E você sabia que a Coonecta tem um evento chamado Cooptech? Veja aqui tudo sobre a primeira edição do evento e o que você precisa saber sobre ele!

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Gustavo Mendes
Gustavo Mendes
Cofundador da Coonecta, especialista em curadoria de conteúdo para educação corporativa e marketing de conteúdo, palestrante e mentor em: inovação, cooperativismo de plataforma, cooptechs e empreendedorismo cooperativo