Cooperativas de consumo: status do 2º maior ramo cooperativista

De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2018, o ramo de Cooperativas de Consumo é o segundo maior em quantidade de cooperados. São dois milhões de pessoas associadas a este ramo, com 14,2 mil empregados em todo o País.

Além disso, após crescimento de 65% entre 2014 e 2018, chega a 205 o número de cooperativas de consumo no Brasil.

No quesito quantidade de cooperados, perde apenas para o ramo de Crédito que, para comparação, conta com 9,8 milhões de cooperados e 67,3 mil funcionários em 909 cooperativas.

No entanto, o ramo das cooperativas de consumo foi o que deu origem ao cooperativismo mundial. A premissa inicial era – e é – muito simples. Unir empresas e pessoas interessadas em adquirir produtos com valores menores do que os praticados para vendas individuais. Ou seja, gerar economia de escala por meio da cooperação.

Assim, o ramo das cooperativas de consumo é formado por supermercados, farmácias, convênios e postos de saúde, dentre outros. Como resultado das compras em conjunto, os valores praticados junto aos cooperados é menor.

E vale lembrar que o ramo consumo, após a reorganização feita este ano, passou a integrar também algumas cooperativas de turismo e lazer.

Raio-X do ramo de cooperativas de consumo

O crescimento na quantidade de cooperativas de consumo no período considerado pelo Anuário foi puxado pela Região Sudeste. Com 123 cooperativas em 2018, a região apresentou crescimento de 21,8% no número de empresas abertas, com 2,3% de crescimento na quantidade de empregados. 

Entretanto, a quantidade de cooperados caiu 25,3% nesta região. Neste quesito, a Região Centro-Oeste, que cresceu 9,1% na quantidade de cooperativas, contava com 102,1% mais cooperados e 11,5% mais empregados em 2018 frente a 2014.

O crescimento na quantidade de empregados mais expressivo foi na Região Nordeste, com 1.148,5% mais pessoas. A Região passou de 130 para 1.623 pessoas contratadas por cooperativas de consumo no período. A quantidade de cooperativas presentes na Região, no entanto, aumentou apenas 3,3%, com 31 instituições atuantes.

A Região Norte também apresenta bons números de crescimento, com 20% mais cooperativas – são 18 no total, 11,3% mais cooperados (4.711) e 6,9% mais empregados (62 pessoas).

Em oposição, a Região Sul apresentou retração em todos os índices no período apurado. Uma empresa fechou em Santa Catarina. Com isso, a Região Sul conta agora com 21 cooperativas de consumo. Retração de 4,5%, portanto. São 7,6% menos cooperados e 2,4% menos empregados em cooperativas de consumo nos três Estados do Sul. Neste último quesito a queda foi puxada pelo Rio Grande do Sul, que desligou 53 pessoas de suas cooperativas, uma queda de 73,6%.

Em 2018, as cooperativas de consumo desembolsaram cerca de R$ 207 milhões com tributos e despesas com pessoal, numa distribuição de 70/30, respectivamente.

Quanto ao desempenho, as cooperativas do Ramo Consumo contabilizam um ativo total de R$ 2 bilhões, sendo R$ 773,3 milhões em ativo imobilizado e R$ 879,8 milhões em patrimônio líquido.

Desafios e oportunidades das cooperativas de consumo

Para continuar a crescer, as cooperativas de consumo precisam enfrentar quatro desafios, conforme pontua o Anuário da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). São eles:

  1. Aplicação equivocada do entendimento de ato cooperativo;
  2. Ausência de tratamento tributário adequado;
  3. Acirramento da concorrência setorial;
  4. Dificuldades no financiamento das estruturas das cooperativas.

Quanto à questão do tratamento tributário, o Anuário destaca o efeito danoso de a Receita enquadrar as cooperativas da mesma forma que empresas mercantis. De acordo com o documento, isso acaba por gerar sobrecarga tributária.

Ou seja, a consequência é um retorno menor ao cooperado, além de dificuldade para as cooperativas atuarem como reguladoras de preços dos mercados em que estão alocadas.

Para mitigar estes efeitos, o Sistema OCB tem atuado junto à Receita Federal do Brasil. A finalidade é debater questões relativas ao tratamento tributário, para que este seja adequado às especificidades das cooperativas do ramo de consumo. Tais conversas são feitas por meio de estudos e grupos técnicos.

A OCB afirma estar atenta ao aproveitamento de oportunidades relacionadas a práticas comerciais intercooperativas, incluindo outros modelos cooperativos. A entidade entende que o fortalecimento do Ramo Consumo é emblemático para o fortalecimento de todo o cooperativismo mundial e brasileiro.

Cooperativas de consumo em destaque:

COOP

A COOP é a maior Cooperativa de Consumo da América Latina. Sediada na cidade paulista de Santo André, a cooperativa de 60 anos ocupa, ainda, a 15ª posição no ranking nacional de supermercados, segundo a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados).

Com 32 unidades, a COOP fechou 2018 com crescimento de 3,8% no faturamento líquido, chegando a R$ 2,3 bilhões positivos para o período.

A cooperativa, que conta com 815 mil cooperados, investiu cerca de R$ 60 milhões na modernização de sua rede, que conta com supermercados, drogarias e postos de gasolina. Dentre as melhorias estão caixas de autoatendimento para os consumidores.

A COOP tem como perspectiva chegar ao final de 2019 com outros R$ 147 milhões investidos, incluindo a inauguração de duas novas unidades de distribuição e cinco drogarias de rua. O segmento de drogarias, inclusive, representa 16% do fornecimento total da cooperativa.

Languiru

Em 2018, a Cooperativa Languiru registrou faturamento bruto recorde de R$ 1,3 bilhão. O valor representa um crescimento de 8,6% em relação ao ano anterior.

Embora a cooperativa de Teutônia (RS) conte com uma diversidade de negócios, o crescimento foi puxado, principalmente, pelas atividades de consumo. No ano de 2018, os supermercados, as lojas e os postos de combustível da cooperativa responderam por 18% do faturamento bruto da cooperativa.

A cooperativa Languiru espera fechar 2019 com faturamento bruto de R$ 1,5 bilhão, com crescimento também no resultado líquido. A expectativa é de crescimento próximo a 13%. Para tanto, a projeção é que os investimentos cheguem a R$ 85,8 milhões.

Cooper

Até 2021 a Cooper, que em 2019 chegou aos 75 anos de atuação, espera investir R$ 100 milhões. Os investimentos da segunda maior cooperativa de consumo do Brasil visam à expansão das atividades.

A cooperativa de consumo, que já conta com 14 filiais e está presente em cinco cidades, chegará a seis cidades com a inauguração da 15ª unidade, na cidade de Timbó (SC), até o final de 2019.

Além de supermercados, a Cooper conta também com 12 farmácias. No total, são 279 checkouts e quatro autocaixas em 118.424 m² de área construída. São 2,8 mil colaboradores diretos e 215 mil cooperados. A Cooper é considerada a 5ª maior rede entre os supermercados de Santa Catarina.

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Bruno Loturco
Bruno Loturco
Jornalista especializado em comunicação e criação de conteúdo para as mais diversas mídias on e offline, com experiência em publicações técnicas e de negócios. Cada vez mais interessado e motivado pelo universo do cooperativismo, em busca de criar valor por meio da geração de conteúdo e conhecimento para a transformação digital deste tão importante segmento da economia.