Por ser um modelo de negócio inovador, o cooperativismo de plataforma também serve de inspiração para alguns projetos que não são necessariamente cooperativas – legalmente falando. Um exemplo disso é o projeto “e-COO – Cooperativismo de Plataforma: inovação e tecnologia social para o fortalecimento da agricultura familiar da região geográfica imediata de Pelotas”.
Aprovada por uma chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a iniciativa não é uma cooperativa. No entanto, a proposta visa a criação de uma plataforma tecnológica para facilitar a comercialização solidária, baseando-se nos princípios do cooperativismo de plataforma.
Ou seja, estamos falando de uma plataforma cooperativa que conectará e possibilitará o comércio entre pequenos produtores e cooperativas da cidade de Pelotas (RS), fortalecendo, assim, a agricultura familiar no extremo sul do Brasil.
O projeto e-COO, lançado oficialmente no dia 14 de março deste ano, é resultado da parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense (IFSul) e a Universidade de Toronto, do Canadá. Além disso, o projeto é financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
Os objetivos e desenvolvimento do projeto e-COO
Sílvia Botelho, professora da FURG e uma das coordenadoras do projeto e-COO, explica que a proposta é exatamente o oposto dos atuais modelos de plataforma que visam somente ao lucro e à monopolização do capital pela empresa administradora. “A nossa plataforma contará com a gerência dos próprios produtores”, disse Sílvia ao site da FURG.
Ainda segundo a professora, “a ação oferecerá serviços para auxiliar este público não apenas na utilização plena da plataforma em si, mas também no auxílio à precificação de mercadorias, controle contábil e educação financeira”.
Atualmente, já estão sendo realizados estudos e diagnósticos da produção, comercialização, distribuição e consumo de alimentos da agricultura familiar produzidos pelas comunidades locais. O objetivo é validar os dados coletados a fim de formular possíveis soluções e indicadores sociais relacionados ao fomento das cadeias de produtos da agricultura familiar. Tais etapas são essenciais para a modelagem e prototipação da plataforma digital.
Segundo os autores, o projeto e-COO conta com a participação de estudantes do programa de pós-graduação em modelagem computacional, dos cursos do Instituto de Letras e Artes (ILA) e de outras unidades acadêmicas que estabelecem relação com o Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico (Nudese).
Estima-se que a plataforma e-COO ficará pronta em dois anos e custará mais de R$ 2 milhões. Ao final do período de financiamento será executada a transferência da tecnologia que envolva a gestão aberta e compartilhada da plataforma, com possibilidade de participação do setor público e privado e de organizações da sociedade civil.
Projeto em funcionamento
Após o lançamento, realizado no campus Carreiros da FURG, os interessados já podem realizar compras virtuais. Basta enviar mensagens com os itens desejados e a quantidade de cada um deles. O chatbot interpreta o pedido e monta o carrinho de compras.
As entregas e o pagamento são feitas na quinta-feira, mesmo dia da feira, a partir das 14h. Por conta disso, os pedidos podem ser feitos de segunda a quarta-feira. As feiras acontecem toda quinta-feira no Campus Carreiros, das 8h às 20h.
O que é uma plataforma cooperativa
O conceito de plataforma cooperativa está diretamente relacionado com o termo cooperativismo de plataforma, temas que a Coonecta acompanha de perto há alguns anos.
Em resumo, uma plataforma cooperativa tem como inspiração a chamada economia compartilhada. Este conceito surgiu por volta de 2010 e tem evoluído desde então. De forma bastante simplificada, economia compartilhada é o uso da tecnologia para facilitar o acesso a bens e serviços. Mas orientada pelos princípios cooperativistas. E isso faz toda a diferença!
É importante notar, ainda, que não é simplesmente uma derivação do cooperativismo devido ao advento de novas tecnologias. O cooperativismo de plataforma representa o desenvolvimento de alternativas mais justas de negócios de economia compartilhada. Basicamente, uma plataforma cooperativa tem mais espaço para diversificação e promove melhor distribuição de benefícios e renda.
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