11 passos para transformação cultural em cooperativas

Que a transformação cultural é essencial para as cooperativas, já sabemos. O problema é que este termo, genérico e abrangente, envolve uma série de decisões estratégicas. São muitas as tecnologias digitais disponíveis e os processos para implementá-las. E é aí que vem a pergunta: por onde começar?

A resposta, além de simples, faz parte de um valor arraigado nas cooperativas: comece pelas pessoas! Dessa forma, a transformação digital, para ser bem aproveitada, precisa vir acompanhada de uma mudança ainda mais profunda: a transformação cultural. Afinal, tecnologias vêm e vão, mas com a mentalidade e cultura corretas, as cooperativas conseguirão tirar o melhor das novas tecnologias.

Transformar a cultura, neste caso, significa preparar os colaboradores para a adoção contínua e receptiva de novas tecnologias, além da busca constante pela inovação. Vamos entender melhor esse ponto?

Por que fazer a transformação cultural

O objeto da transformação cultural é alterar a mentalidade das pessoas que integram uma organização. Entretanto, modernizar a cultura não é tarefa fácil.

A Pesquisa Global de Cultura Organizacional 2021, elaborada pela consultoria PwC, reforça: na visão dos líderes, a cultura organizacional é uma poderosa aliada para a inovação. 

Dentre os 3.200 gestores consultados mundialmente, 72% relatam que a cultura ajuda a impulsionar iniciativas de mudança bem-sucedidas – e a transformação digital é uma delas. 

A pandemia, contudo, se provou um desafio: para 41%, foi mais difícil manter o senso de comunidade no período. E, até para enfrentar as dificuldades, a transformação cultural cumpre seu papel, uma vez que 69% das organizações que se adaptaram bem à pandemia reconhecem a vantagem competitiva de uma cultura sólida e moderna. 

Desafios e resistências

O levantamento da PwC aponta um descompasso no compromisso com a cultura organizacional. Enquanto 77% dos gerentes sênior alegam ter uma conexão pessoal com o propósito da instituição, esse mesmo comprometimento é de apenas 54% dentre os demais colaboradores.

Um levantamento de 2015 da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, apurou que, embora os gestores reconheçam a vital importância de uma cultura corporativa efetiva, não é fácil implementá-la.

A maioria absoluta dos CEOs diz que a cultura agrega valor a suas instituições, mas só 15% entendem que a cultura corrente é a ideal.

A visão de futuro também é um fator que precisa levar em conta para o estabelecimento de uma transformação cultural efetiva e, com ela, a transformação digital nas cooperativas. Afinal, a mudança de mentalidade é um processo de longo prazo que deve estar em consonância com os objetivos.

Fortalezas do cooperativismo

Sabemos que as cooperativas ocupam um lugar diferenciado quando falamos de cultura organizacional. Com base nos princípios cooperativistas correntes desde a fundação da primeira cooperativa, no século XIX, seus valores democráticos e comunitários seguem atuais e poderosos.

Essa base histórica e que, ao mesmo tempo, se relaciona com temas e anseios da atualidade, pode ser importante aliada para promover uma transformação cultural com significado nas cooperativas.

Em resumo, a adoção de novas tecnologias, aliada ao caráter social e integrador do cooperativismo, tem o potencial de colocar as cooperativas na proa dos setores em que atua.

A estrutura horizontal do cooperativismo, entretanto, pode causar certa aversão a riscos. Uma vez que as decisões e caminhos da organização são votados democraticamente, resistências à transformação cultural podem gerar lentidão no processo. Nesse sentido, a transformação precisa ser ampla e contínua.

Transformação cultural na prática

Para auxiliar na aplicação prática da transformação cultural no cooperativismo, Alexandre Bernardes, que foi líder de inovação na Unimed do Brasil por dois anos, listou 11 dicas práticas a partir da vivência dele com o tema.

O especialista explica os benefícios, métodos e dificuldades de se implementar a transformação cultural em cooperativas. Veja as 11 dicas dele: 

  1. Construa um propósito: é necessário entender a sensação que a cooperativa pretende passar a seu consumidor
  2. Meça o propósito: ao quantificar a recepção que o consumidor, é possível entender a efetividade da obtenção de resultados-chave
  3. Remova as fricções: processos que não atendem anseios dos clientes são desnecessários 
  4. Comunique o propósito: a narrativa é capaz de mobilizar um time em prol de um futuro melhor
  5. Autonomia e intraempreendedorismo: iniciativas que reduzem burocracias e aceleram processos resultam em aumento de confiança
  6. Valorize o erro: equívocos devem ser tomados como oportunidades para a aprendizagem
  7. Seja ágil: agilidade não é pressa, mas sim a entrega constante de valor
  8. Pense na jornada: o consumo é um processo que deve ser planejado
  9. Acredite na tecnologia: o desenvolvimento tecnológico soluciona problemas complexos
  10. Decida com base em dados: escolhas devem ser tomadas munidas de informação e fazer sentido lógico
  11. Reinvista em pessoas e tecnologia: em um mercado aquecido, é fundamental investir em tecnologia e material humano para se manter competitivo
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Gustavo Bezerra
Gustavo Bezerra
Jornalista pós-graduado em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Foi integrante do programa Estagiar da TV Globo. Apaixonado por literatura. É coordenador de conteúdo da Coonecta.