Doze cooperativas agro fizeram valer o sexto princípio do cooperativismo para inovar. Juntas, numa iniciativa de intercooperação digital, elas acabaram de lançar a plataforma Supercampo, marketplace que atenderá inicialmente 80 mil cooperados no Brasil.
A plataforma digital conecta os cooperados a diversas empresas cadastradas para atender às demandas do campo com qualidade, agilidade e segurança. Dessa forma, beneficiará milhares de cooperados com preços competitivos, ampla oferta de produtos, bom atendimento, conveniência, agilidade na entrega e cashback a cada compra realizada.
Esse é um exemplo prático de como a intercooperação pode fortalecer o movimento cooperativista como um todo, inclusive no digital, rompendo fronteiras e facilitando os negócios.
Supercampo: intercooperação digital
Criada e sediada em Curitiba (PR), a Supercampo é um marketplace que reúne milhares de produtos voltados ao segmento agropecuário. Com perfil totalmente cooperativista, visa atender às principais demandas das cooperativas e de seus cooperados.
A plataforma, que atenderá inicialmente 80 mil cooperados, tem como sócias as cooperativas:
- Agrária, com sede em Guarapuava (PR);
- Capal, sediada em Arapoti (PR);
- Castrolanda, de Castro (PR);
- Cooperalfa, de Chapecó (SC);
- Coopertradição, de Pato Branco (PR);
- Copacol, de Cafelândia (PR);
- Copercampos, de Campos Novos (SC);
- Coplacana, de Piracicaba (SP);
- Cotrijal, de Não-Me-Toque (RS);
- Frísia, de Carambeí (PR);
- Integrada, de Londrina (PR);
- Lar, de Medianeira (PR).
O diretor-presidente do Conselho de Administração da Supercampo, Renato Greidanus, explica que as sócias continuarão mantendo as suas individualidades e a dos seus cooperados.
“É um projeto que só faz sentido de forma coletiva. A estratégia é trazer a demanda e oferta das cooperativas para uma plataforma única, na qual podemos somar esforços e ganhar escala”, explica.
O projeto de intercooperação digital teve a consultoria jurídica e de negócios do escritório Martinelli Advogados. Já o desenvolvimento da plataforma digital foi feito em parceria com a empresa paulista CWS Digital.
Além da intercooperação digital: um ecossistema
O CEO da plataforma, Ronald Eikelenboom, destaca que a Supercampo nasce com o propósito de fortalecer a presença das cooperativas no ambiente digital. Assim, permite a fidelização de novas gerações de cooperados e a criação de um ecossistema digital.
Seguindo a lógica de plataforma, a Supercampo é o elo entre a demanda dos produtores rurais e as ofertas dos principais fornecedores. Ou seja, uma ponte que oferece conveniência e facilidade para encontrar tudo o que o cooperado precisa para sua propriedade.

Dessa forma, a ideia é ir além de uma plataforma e propiciar a formação de um ecossistema cooperativista digital, que conecta as principais oportunidades do mercado com as demandas do agronegócio, interligando vários players.
A importância da intercooperação
Os princípios do cooperativismo afirmam que a cooperação entre as cooperativas fortalece o movimento como um todo. E a intercooperação pode ocorrer em diversos níveis: por meio de estruturas locais, regionais, nacionais, internacionais etc.
Podem, ainda, ocorrer entre cooperativas do mesmo sistema, entre cooperativas de outros sistemas e mesmo com cooperativas de outros ramos do cooperativismo.
Um caso famoso no setor é o da Unium, criada em 2017 pelas cooperativas Castrolanda, Frísia e Capal. Na época, as três atuavam de maneira independente uma das outras nos mercados de leite e derivados lácteos, produção e comercialização de carne de suínos e produção de trigo. Assim, eram concorrentes em algumas frentes.

Por atuarem de forma isolada entre si, tinham também recursos limitados para destinar a investimentos em pesquisa e em novas tecnologias. Os custos relacionados a demandas administrativas, de marketing e de logística também eram separados. Dessa forma, tinham uma representatividade relevante para a atuação e a lucratividade das cooperativas.
Sob esse contexto, as três cooperativas se juntaram para criar a Unium e, hoje, colhem bons resultados, como veremos a seguir.
Resultados da intercooperação
Ao todo, as cooperativas juntas representam mais de R$ 7 bilhões em faturamento anual e uma presença de peso no mercado nacional. A Unium atua em diversos campos do agronegócio, com atividades que vão da produção leiteira à suinocultura, pecuária, agricultura, passam pela produção de rações, grãos e chegam a mais de 25 países.
O faturamento, que vem crescendo anualmente cerca de 20%, é um reflexo, entre outras coisas, do processamento pela Unium de:
- 1,1 milhão de litros de leite por dia na Unidade de Beneficiamento de Leite de Ponta Grossa;
- 1,15 milhão na Unidade de Castro;
- e mais 1 milhão de litros de leite diários na fábrica de Itapetininga.
A fábrica da Alegra, por sua vez, abate cerca de 3,2 mil leitões por dia, o equivalente a 113 mil toneladas de carne de porco por ano. A Unium processa, ainda, 129 mil toneladas de trigo por ano.
Para conhecer o case completo da Unium, acesse o Radar da Inovação, no portal InovaCoop.
Conclusão
Quando olhamos para uma iniciativa de intercooperação tão bem sucedida e ampla como a da Unium, o desafio que fica é, sem dúvida, replicar o formato para outras frentes do cooperativismo e também para outras linhas de produção das cooperativas.
Por isso que o lançamento da Supercampo é tão relevante e importante para o cooperativismo. É a intercooperação levada para o digital, de forma inovadora.
Afinal, como sempre gostamos de lembrar, o cooperativismo já nasceu inovador e precisa de iniciativas como esta, de intercooperação digital, para ser protagonista da Nova Economia.