15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo: futuristas apontam tendências para o setor

O 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo, organizado pelo Sistema OCB, aconteceu em Brasília entre os dias 14 e 16 de maio. Nesta edição, o tema do evento foi “Projetando um Futuro + Coop”. O CBC é o momento em que o cooperativismo brasileiro se reúne para fazer um panorama e traçar os caminhos para os próximos anos. 

Além de definir as diretrizes prioritárias, votadas democraticamente por representantes de diversos setores do cooperativismo, o evento contou com uma rica programação de palestras – incluindo uma sala temática dedicada ao tema – que mostram a importância da inovação para construir o futuro do cooperativismo. 

Grandes nomes estiveram no palco do congresso, como a futurista Amy Webb, o empreendedor Salim Ismail e a também futurista Martha Gabriel. Acompanhamos de perto as discussões sobre o papel da inovação para a estratégia e a perenização das cooperativas. Confira, então, alguns destaques sobre inovação do congresso! 

Amy Webb: de olhos nas grandes mudanças

Divulgação: Sistema OCB

A futurista Amy Webb é a principal cabeça do Future Today Institute que publica um relatório anual com as principais tendências de inovação, sociedade e tecnologia. Abrindo o segundo dia do 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo, Amy destacou o papel central do cooperativismo para o crescimento e a modernização do Brasil. Destacando os ramos Crédito e Agropecuário, ela afirma que:

“É importante reconhecer os sinais de mudança que estão surgindo e explorar maneiras de gerar valor e alcançar novos níveis de excelência em setores que já possuem um enorme potencial de alcance e desenvolvimento”. 

Ela aponta que o setor agropecuário já está caminhando aceleradamente para o futuro e também indicou oportunidades de inovação que as novas tecnologias proporcionam. Amy deu o exemplo da produção de leite sintético, muito mais similar ao leite integral do que as opções feitas a partir de plantas e que também representa uma alternativa ecológica. 

O leite sintético é cultivado por meio da reprodução artificial de proteínas do leite. Os primeiros produtos que usam essa tecnologia já estão começando a marcar presença nas prateleiras. Portanto, a futurista aponta esse como um dos caminhos que as cooperativas agropecuárias podem seguir em seus negócios. 

O superciclo tecnológico

A biotecnologia que está por trás da criação do leite sintético é um dos três pilares do que Amy chama de superciclo tecnológico. Os outros dois são a inteligência artificial (IA) e a internet das coisas (IoT). 

O superciclo tecnológico é uma onda de inovação disruptiva muito potente que tem a capacidade de mudar as estruturas econômicas e transformar a forma como vivemos. Para a futurista, esse será o superciclo tecnológico mais intenso desde a revolução industrial. 

Encerrando sua palestra, Amy convocou a plateia para que o cooperativismo seja uma ferramenta para liderar o futuro de forma colaborativa e com foco nas comunidades. “Espero que todos os cooperativistas presentes no 15º CBC se tornem agentes ativos na construção de um futuro mais promissor e sustentável”, finalizou.  

Salim Ismail: o poder da exponencialidade

Divulgação: Sistema OCB

O empreendedor e autor Salim Ismail, que é fundador e presidente da OpenExO, falou sobre o crescimento exponencial através da prontidão em IA. Conhecido por sua assertividade em identificar oportunidades de inovação para enfrentar as novas demandas do mundo, Ismail provocou reflexões sobre a importância da tecnologia nas cooperativas. 

 “O crescimento exponencial, característico das novas tecnologias, frequentemente escapa à percepção humana e nos surpreende”, disse o palestrante. Assim como Amy Webb, Ismail acredita que estamos passando por um período único de transformação tecnológica. 

O acesso que temos a tecnologias disruptivas inovadoras é algo sem precedentes, ele afirma. “Desde os avanços na neurociência até a nanotecnologia, passando pela computação, medicina e inteligência artificial: estamos presenciando um verdadeiro tsunami de inovação”. 

Essa exponencialidade reflete a Lei de Moore, uma lei epigramática da computação que diz que o poder de processamento dos computadores dobra a cada 18 meses sem aumento de custos. Essa ideia foi proposta pelo químico Gordon Moore, cofundador da Intel, em 1965. 

Ritmo de transformação

Ismail diz que, diferentemente de uma fotografia, a inteligência artificial é capaz de condensar uma quantidade enorme de informações de forma constante em um mesmo momento. Dessa forma, as pessoas precisam aprender a manejar essa abundância de dados. 

Conforme a inteligência artificial avança e se torna cada vez mais presente no mundo, as cooperativas precisam se preparar para as inevitáveis mudanças. Diante disso, o cooperativismo pode estar em uma situação privilegiada. “O futuro pertence às organizações que conseguem abraçar a cooperação e a colaboração”, argumentou Salim. 

Para finalizar sua participação no 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo, o palestrante pediu que os conferencistas tenham uma visão mais ativa e aberta em relação à tecnologia. O ritmo acelerado das mudanças demanda um olhar mais atento e estratégico para a inovação, afinal. Só assim as cooperativas vão prosperar: inovando. 

Martha Gabriel: um projeto de futuro cooperativista

Divulgação: Sistema OCB

Uma das principais pensadoras digitais do Brasil, a professora e futurista Martha Gabriel se embrenhou de vez no coop. Em parceria com o Sistema OCB, ela lançou um novo livro, distribuído para os congressistas, sobre inovação no cooperativismo. 

A obra tem o título “O Futuro é Coop”, e esse também foi o tema de sua palestra no 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo. A futurista diz que a sustentabilidade é a resposta para encarar os desafios que se aproximam pelo horizonte. Nesse sentido, o cooperativismo tem uma força própria e diferente ao promover diversidade, inclusão e renda para as comunidades. 

“Precisamos unir responsabilidade social, proteção ambiental e sucesso econômico”, argumenta. Nesse cenário, as cooperativas já ocupam espaços de protagonismo como um modelo de negócios naturalmente alinhado à agenda ESG. 

Desafios para o futuro

A futurista também deu atenção aos desafios que o cooperativismo precisa encarar. Para ela, o setor tem que se unificar a fim de construir uma identidade própria, compartilhando a credibilidade e a reputação:

“Precisamos nos comunicar de forma eficaz para construirmos confiança e enfrentarmos os desafios que o futuro trará”, aponta Martha. O cooperativismo precisa se apresentar como um modelo de negócios que lidera mudanças rumo às novas demandas da sociedade e da economia, como a inclusão, a equidade e a sustentabilidade. 

“O cooperativismo é capaz de inovar e se adaptar às necessidades e aos desafios do futuro. Com base na democracia e sendo fiel ao bem-estar social e à sustentabilidade ambiental, as cooperativas sobrevivem e, além disso, prosperam”, acrescenta.  

Conclusão: 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo

O 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo evidencia que a inovação é um elemento crucial para a estratégia do setor na busca pelo desenvolvimento e pelo crescimento. Para seguir sendo um modelo de negócios competitivo, o cooperativismo terá que ser ainda mais moderno, antenado e inovador. 

O congresso ainda contou com uma trilha temática dedicada à inovação, que contou com as apresentações de Daniela Kleiman, CEO da Future Future, sobre cultura de inovação; e Gláucia Guarcello, COO da The Bakery, abordando a execução de iniciativas inovadoras em busca de resultados.

Neste ano, o Sistema OCB também lançou a segunda edição da Pesquisa de Inovação no Cooperativismo Brasileiro, estabelecendo um panorama para, a partir de então, avançar com a cultura de inovação. O 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo já começou a indicar os caminhos.

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Romário Ferreira
Romário Ferreira
Jornalista e especialista em marketing de conteúdo e eventos corporativos (B2B). Descobriu sua paixão pelo modelo cooperativista criando conteúdo e eventos, ao longo de mais de 4 anos, para a indústria financeira, quando teve contato direto com cooperativas de crédito de todo o Brasil. É sócio e diretor comercial da Coonecta.