Resolução 4.966/21: o que é e como impacta as cooperativas de crédito

O Banco Central confirmou o prazo para implementação da Resolução CMN 4.966/21. Aílton Aquino Santos, diretor de fiscalização do Banco Central do Brasil, anunciou que a resolução entrará em vigor até janeiro de 2025, sem chance de prorrogação. O diretor, em sua apresentação no último Concred, enfatizou que as cooperativas precisam se adequar à nova norma dentro do prazo estabelecido.

A resolução foca em estabelecer novos requisitos de governança e controles internos das cooperativas de crédito, alinhando as práticas contábeis brasileiras aos padrões internacionais. Ou seja, ela exige novas regras de gestão de riscos e compliance, focando na transparência e na proteção dos interesses dos cooperados. 

Confira a seguir, de forma objetiva, como a Resolução 4.966/21 vai afetar as cooperativas de crédito e quais desafios e oportunidades se abrem com o setor assim que o texto entrar em vigor. Boa leitura!

Principais impactos da Resolução 4.966/21 nas cooperativas de crédito

No geral, a Resolução 4.966/21 impacta a estrutura organizacional das cooperativas de crédito, com a adoção de mecanismos de adequação às novas normas regulatórias. Com as mudanças, as cooperativas conseguem fortalecer a governança e a gestão de riscos, se mantendo alinhadas aos padrões internacionais. 

Nova metodologia para provisionamento

O conceito de “perda esperada” surge com a nova resolução, que exige que as cooperativas se planejem e prevejam o máximo possível das perdas em seus créditos de forma mais antecipada e precisa.

Para isso, as organizações devem considerar diversos fatores, como a qualidade do crédito e as condições econômicas. Isso requer uma análise mais aprofundada do risco de crédito e a utilização de modelos estatísticos mais sofisticados.

Maior rigor na contabilização de instrumentos financeiros

A Resolução 4.966/21 cria novas regras que classificam e mensuram diversos instrumentos financeiros, como derivativos e ativos financeiros. Com isso, o objetivo é buscar mais transparência e detalhamento das informações contábeis.

Essa maior transparência na divulgação das informações contábeis, exigida pela resolução, pode implicar em mudanças nas demonstrações financeiras das cooperativas.

Nova classificação de ativos 

Um dos impactos da Resolução 4.966/21 é a nova classificação de ativos. A divisão será feita em duas categorias:

  • Custo Amortizado: a maior parte dos ativos das cooperativas, como empréstimos e financiamentos, se encaixarão nessa categoria. Ela exige um acompanhamento rigoroso dos fluxos de caixa contratuais e a aplicação do método de juros efetivos
  • Valor Justo: ativos com características específicas, como aqueles geridos para venda ou com fluxos de caixa complexos, serão classificados em valor justo. A categoria exige avaliações mais frequentes e complexas

Alinhamento com as normas internacionais

A Resolução 4.966/21 tenta aproximar a contabilidade das cooperativas de crédito às normas internacionais. Essa nova condição não apenas facilita a comparação entre instituições financeiras como também aumenta o nível de confiança dos investidores. 

Impacto na gestão de riscos

A resolução também afeta o contingenciamento de riscos das cooperativas de crédito. Os novos métodos de provisionamento com a maior exigência na contabilização dos instrumentos financeiros resultam em cooperativas com um programa de gestão de riscos mais sofisticado e proativo.

Desafios e oportunidades a partir da Resolução 4.966/21

Assim como qualquer mudança legal, a implantação da nova resolução desdobra-se em desafios e oportunidades para as cooperativas. Por isso, é importante se atentar para as conveniências e obstáculos que podem surgir com essa alteração.

Adaptação das novas normas 

Garantir uma boa ambientação aos requisitos é essencial para manter a sustentabilidade da cooperativa. As organizações precisarão adaptar seus sistemas contábeis e processos internos para atender às novas normas.

Essa ação pode exigir investimentos em tecnologia e treinamentos de colaboradores. Portanto, é dever da cooperativa de crédito se manter atenta a essas novas necessidades, visando o sucesso da organização. 

Complexidade Contábil

Com a chegada da Resolução 4.966, aumenta também a complexidade da contabilidade das cooperativas. Isso exige maior conhecimento técnico dos colaboradores da área, o que pode implicar na necessidade de treinamentos ou até mesmo novas contratações.

Melhoria na gestão e aumento da transparência

A necessidade de calcular provisões para perdas esperadas e de qualificar os ativos de forma mais rigorosa será, por um lado, positiva para as organizações. Com ela, as cooperativas terão que aprimorar seus sistemas de gestão de riscos.

A exigência de maior transparência que a nova resolução impõe também terá impacto na imagem das cooperativas. Mais clareza nas operações pode fortalecer a confiança entre a organização e os cooperados. 

Contabilidade de Hedge

Para cooperativas que utilizam instrumentos financeiros para gestão de riscos, a resolução estabelece regras específicas para a contabilização de operações de hedge, impactando diretamente a demonstração do resultado e do patrimônio líquido.

Resolução 4.966/21 e outras tendências no cooperativismo de crédito

Além da nova resolução, o universo das cooperativas de crédito continua em constante evolução. Com a chegada de novas tendências, surge a necessidade de se manter atualizado nas transformações do mercado para manter vantagens competitivas.

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