4 tendências que foram destaque no primeiro dia de Cooptech e CooperaRH

O Cooptech e o CooperaRH começaram no dia 17 de outubro com uma série de palestras e painéis que discutiram a inovação e a gestão de pessoas dentro do cooperativismo.

Neste ano, os dois eventos fizeram parte do WCM Expo e aconteceram simultaneamente, no Minascentro, em Belo Horizonte.

Em meio à programação, selecionamos quatro assuntos que foram destaque no decorrer dos eventos. Confira, portanto, os temas que movimentaram o primeiro dia de apresentações!

1. A importância dos ecossistemas

Na abertura do Cooptech, Gustavo Mendes, cofundador da Coonecta, argumentou sobre a importância de um ecossistema de inovação cooperativista

No diagnóstico de Mendes, é necessário construir e mapear o ambiente de apoio para o surgimento de startups cooperativas. “Para o cooperativismo ser mais inovador, falta um ecossistema vibrante”, explicou.

Para tanto, foi anunciada a criação do RadarCoop, o primeiro mapeamento do ecossistema brasileiro de startups cooperativas. O objetivo é identificar os atores que dão suporte às novas ideias para que as cooperativas façam parte da economia digital.

Ecossistemas também impulsionam plataformas

A relevância dos ecossistemas permeou diversas discussões durante as palestras e painéis no decorrer do primeiro dia de apresentações. Jefferson Beck, coordenador de Marketplace na Cooperativa Central Ailos, contou a história de criação do Ailos Aproxima, um ambiente digital com o intuito de aproximar as comunidades e fortalecer o comércio local.

Jefferson Beck, coordenador de Marketplace na Ailos, no Cooptech 2022
Jefferson Beck, coordenador de Marketplace na Ailos. Imagem: Camila Menezes

A ideia surgiu a partir de encontros presenciais que foram interrompidos pela pandemia. A ideia inicial foi desenvolvida em quatro semanas. Desse modo, a experiência do projeto ensinou algumas lições sobre o desenvolvimento de plataformas. Uma delas foi: conheça o ecossistema.

“Nosso cooperado não conhecia esse modelo. 80% da galera que está na plataforma nunca tinha vendido no digital”, afirmou. “Quando estamos falando de uma plataforma cooperativista, isso é super importante”.

Beck ainda apontou a importância de integrar os parceiros durante a criação do serviço. “Respeitar e dar atenção ao stakeholder vale muito a pena”, argumentou. Além disso, ele ainda concluiu que “pensando em plataformas digitais e cooperativismo, vale mais a pena usar um modelo que se encaixe melhor no seu ecossistema”.

2. A inovação tem que estar na mentalidade

Durante o painel “Como tornar a inovação estratégica e prioritária para o futuro dos negócios das cooperativas”, no Cooptech, a mentalidade inovadora esteve em foco.

A conversa foi mediada por Heloisa Helena Lopes, vice-presidente do Conselho de Administração da Sicredi Pioneira RS e contou com a participação de Walmir Segatto, CEO do Sicoob Credicitrus e Frederico Peret, presidente da Unimed-BH.

Painel mediado por Heloisa Helena Lopes (Sicredi Pioneira RS) com as participações de Walmir Segatto (Sicoob Credicitrus) e Frederico Peret (Unimed-BH)
Painel mediado por Heloisa Helena Lopes (Sicredi Pioneira RS) com as participações de Walmir Segatto (Sicoob Credicitrus) e Frederico Peret (Unimed-BH). Imagem: Camila Menezes

Segatto explicou que a inovação começa pela construção de uma mentalidade inovadora. Os resultados são consequência da cultura inovadora. “Trabalhar o mindset, e depois trabalhar o ambiente externo”, disse.

Nessa seara, Feret alegou que, para a inovação acontecer, somente a tecnologia não basta: é preciso adotar processos inovadores. Para que isso seja possível, o passo mais importante é dar segurança psicológica aos cooperados e colaboradores para que possam opinar, experimentar e errar. Assim, a inovação se torna perene. Afinal, diz ele, “não adianta se os processos se perdem no tempo”. 

Cultura organizacional no RH

Durante o painel “Como o RH pode apoiar a inovação e a transformação digital nas cooperativas”, no CooperaRH, o destaque esteve na evolução da mentalidade em prol da inovação. Alexandre Cyriaco, gerente executivo de Recursos Humanos da Coop – Cooperativa de Consumo, reforçou a importância de integrar as equipes durante a jornada de inovação.

“O desenvolvimento humano é muito importante para a transformação digital”, explicou. Para isso, as equipes devem estar integradas com o foco na inovação. “Dentro do RH, estamos começando  a trabalhar projetos que envolvam nossos cooperados e colaboradores para que possam aumentar seu empoderamento e a tomada de decisão”, disse.

No mesmo painel, Cristine Wedig de Col, gerente de Gestão de Pessoas da Sicredi Pioneira, explicou o papel do RH. “Queremos que as pessoas tenham o mindset aberto para inovar”, argumentou. 

Painel mediado por Júnia Rodrigues (Unimed BH) com as participações de Alexandre Cyriaco (Coop) e Cristine Wedig de Col (Sicredi Pioneira RS).
Painel mediado por Júnia Rodrigues (Unimed BH) com as participações de Alexandre Cyriaco (Coop) e Cristine Wedig de Col (Sicredi Pioneira RS). Imagem: Camila Menezes

Outro fator para levar em conta ao engajar as equipes na inovação é dar espaço e tempo para que elas desenvolvam suas ideias.  “Espalhar a cultura de inovação é muito legal, mas as pessoas têm suas atividades”, apontou Cristine. Por isso, é necessário criar um ambiente para que os colaboradores possam se dedicar.

3. Inovação aberta: mais importante do que nunca

A inovação é uma construção coletiva. Dessa forma, o cooperativismo pode se beneficiar ao encontrar parceiros para praticá-la: é a inovação aberta. 

Walmir Segatto, do Sicoob Credicitrus, define assim essa ideia: “Inovação aberta é se propor a fazer algo que você não conhece”. 

Frederico Feret, da Unimed BH, aponta que o mercado do cooperativismo de saúde “há uma avenida de oportunidades para aproveitar” – e que a inovação aberta pode ser uma ótima aliada. Projetos na área de saúde, segundo Feret, devem ser compartilhados por instituições nacionais e internacionais.

4. Oportunidades nas plataformas

Rose Marley, CEO da Cooperatives UK, apresentou uma palestra sobre aceleração de cooperativas e apoio à inovação. 

Rose Marley, CEO da Cooperatives UK, no Cooptech 2022
Rose Marley, CEO da Cooperatives UK. Imagem: Camila Menezes

A gig economy – ou uberização do trabalho -, explica Rose, é fruto de uma economia digital pouco igualitária onde o poder está altamente concentrado. Com isso, há precarização do trabalho, disrupção das comunidades e movimento contra a sindicalização de trabalhadores.

Contudo, ela questiona: “A raiz desses problemas é a tecnologia ou é o modelo?”

A solução, diz ela, pode estar no cooperativismo de plataforma. Na Europa, já há alguns exemplos. Essas são algumas das iniciativas mencionadas por ela que já apresentamos no Radar da Inovação, em parceria com o InovaCoop:

  • Equal Care: plataforma que conecta profissionais e pessoas que precisam de cuidados especiais no cotidiano.
  • CoopCycle: app de entregas desenvolvido por uma federação de cooperativas de entregadores. 

Uma das principais iniciativas da Cooperatives UK é a Unfound, uma aceleradora de cooperativas de plataforma. Contamos a história do Unfound aqui na Coonecta, confira!

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