Cooperativas de reciclagem apostam na inovação para crescer

Práticas sustentáveis não são mais diferenciais: agora, a preocupação ambiental é mandatória. O cuidado constante com o meio ambiente fomenta a criação de políticas, metodologias e ações focadas na sustentabilidade. E as cooperativas de reciclagem estão empregando a inovação para lidar com os desafios que se impõem na busca por construir um mundo mais sustentável. 

Dentre tantas inquietações, uma se destaca: o quanto de lixo produzimos e o que é feito com eles quando descartados. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil produziu cerca de 81,8 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).

Apesar da quantidade de RSU produzida estar diminuindo gradativamente, a partir dos dados coletados em 2022, os resíduos precisam ser tratados de maneira correta. No entanto, o Brasil ainda encaminha 39% de sua produção de lixo urbano para locais inadequados.

A solução pode estar nas cooperativas de reciclagem

A solução para esse problema são as cooperativas de reciclagem. Segundo o Anuário da Reciclagem, em 2023, 2.941 organizações de catadores, que reúnem 86.878 trabalhadores, recuperaram cerca de 1,7 milhão de toneladas de resíduos.

Responsáveis pela gestão dos resíduos, as cooperativas de reciclagem utilizam metodologias sustentáveis e inovadoras que reduzem o desperdício de materiais, dando apoio à logística reversa e impulsionando a economia circular.

O objetivo dessa logística é restituir os resíduos sólidos ao ciclo produtivo, reaproveitando materiais e diminuindo o desperdício. Esse conjunto de ações também ajuda a reduzir gastos com matéria-prima e insumos.

Cooperativas de reciclagem que inovam com impacto

A logística reversa é apenas uma das inúmeras práticas e ideias inovadoras que as cooperativas de reciclagem implementam. As instituições também buscam oferecer uma boa gestão de resíduos, e promovem cursos e treinamentos.

Fica claro, portanto, que o cooperativismo tem uma ligação direta e forte com a sustentabilidade, e busca causar impacto social. Então, vamos conhecer algumas cooperativas de reciclagem que focaram na inovação para melhorar a gestão de resíduos!

Recicle a Vida

A Recicle a Vida surgiu em 2005 após ser idealizada por um grupo de catadores. O objetivo da instituição é fazer a coleta seletiva e a reciclagem, enquanto oferece capacitação, desenvolvimento e inclusão social.

A cooperativa de reciclagem foi contratada pelo Governo do Distrito Federal e é responsável por fazer a coleta seletiva na região administrativa de Samambaia. O trabalho consiste na coleta, triagem, transporte e destinação final de resíduos secos, orgânicos e indiferenciados.

Para isso, a Recicle a Vida conta com uma estrutura operacional completa com esteiras, prensas horizontais e verticais, empilhadeiras, extrusora, caminhões roll on off, linha de lavagem e moagem dos materiais. Assim sendo, a cooperativa faz o uso da tecnologia para manter os equipamentos atualizados e para otimizar os processos de reciclagem.

Além disso, a Recicle a Vida também oferece um ambiente de trabalho adequado e promove cursos e treinamentos. A ideia é capacitar os colaboradores e também oferecer um ambiente de trabalho saudável e acolhedor.

Centcoop

Visando oferecer melhores condições de trabalho aos catadores, nasceu a Centcoop, Central de Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis do Distrito Federal, em 2002. Atualmente, a Central reúne 21 cooperativas e associações de reciclagem, totalizando mais de mil cooperados.

Para melhorar as condições e os locais de trabalho dos catadores e das cooperativas de reciclagem, a Centcoop focou na intercooperação. Além de buscar recursos para a construção de galpões para os cooperados, a organização também auxilia catadores com dificuldade na gestão, acionando um sistema de aprendizagem parceiro.

O objetivo da Centcoop não é só fomentar a intercooperação, mas oferecer uma boa infraestrutura às cooperativas de reciclagem e aos catadores. Com esse foco, a Central firmou um contrato de coleta seletiva para as cooperativas integrantes, o que gerou ótimos resultados.

YouGreen

Fundada em 2011, a YouGreen é uma startup cooperativa que deseja melhorar as condições de trabalho dos catadores, enquanto otimiza processos e aumenta a produtividade. A organização presta serviço utilizando um processo de rastreabilidade e de relatórios detalhados.

Além de garantir a destinação adequada dos resíduos, a YouGreen também aposta em soluções inovadoras desde a coleta até o descarte adequado. A ideia é conscientizar as pessoas e chamar a atenção para a importância da gestão adequada.

Por ser uma cooperativa inovadora, que deseja aumentar sua abrangência, a YouGreen faz parte do RadarCoop, o primeiro mapeamento do ecossistema brasileiro de inovação e empreendedorismo no cooperativismo. 

A ideia do mapa e da comunidade RadarCoop é fomentar o empreendedorismo cooperativo e conectar as startups cooperativas a apoiadores desse modelo de negócios. Confira mais aqui!

Coopermiti

Conforme o avanço da tecnologia nos aproxima cada vez mais dos gadgets, também precisamos lidar com o descarte dos resíduos eletrônicos. A Coopermiti, que surgiu em 2009, em São Paulo, se atentou à produção de resíduos eletroeletrônicos. Com o apoio da Prefeitura de São Paulo, ela realiza a logística reversa desses equipamentos.

Focado na coleta e na destinação final, o trabalho da cooperativa de reciclagem se divide em três etapas: coleta, manufatura reversa e destinação final. Na primeira, os equipamentos são entregues à Coopermiti, evitando o descarte em aterros sanitários.

Na segunda fase, o lixo eletrônico é desmontado por completo. A ideia é que os componentes e as matérias-prima sejam identificadas e separadas adequadamente. Por fim, os componentes em bom estado são usados como peças de reposição. O restante é descartado e enviado para reciclagem após a eliminação dos dados e a descaracterização da peça.

Somente em 2022, a cooperativa reciclou 5,5 mil toneladas de lixo eletrônico. Ademais, a Coopermiti também visa se alinhar aos pilares do ESG, realizando trabalhos de capacitação e inclusão social.

Conclusão: a inovação das cooperativas de reciclagem

Com práticas sustentáveis em foco, as cooperativas de reciclagem seguem inovando e oferecendo melhores condições de trabalho aos catadores, enquanto causam impacto social. O cooperativismo sustentável está cada vez mais popular e segue crescendo. 

Pensando em auxiliar as cooperativas de reciclagem no processo de desenvolvimento e inovação, o NegóciosCoop publicou a análise econômica Além do Descarte: Explorando a Economia dos Resíduos. Com ela, você entende mais sobre o panorama global e local do descarte de resíduos, ficando antenado para possíveis oportunidades.

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