O cooperativismo brasileiro segue em expansão e mostra sua força no mercado. A prova deste crescimento está no aumento do número de cooperados, colaboradores, ativos totais e outros indicadores, como revela a nova edição do Anuário do Cooperativismo Brasileiro – o AnuárioCoop 2024.
“O AnuárioCoop é o banco de dados oficial do cooperativismo e orienta as decisões estratégicas do Sistema OCB para que o nosso movimento continue crescendo de forma contínua”, explica Guilherme Costa, gerente do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB.
Apesar dos dados positivos, o cooperativismo também enfrenta alguns desafios, como a diversidade de gênero nos cargos de liderança e a necessidade de atrair os mais jovens. Fique por dentro dos principais destaques do AnuárioCoop 2024!
Número de cooperados e colaboradores segundo o AnuárioCoop 2024
De acordo com os dados do AnuárioCoop 2024, quase 12% da população brasileira está associada a uma cooperativa. O número de cooperados cresceu de 20,5 milhões, em 2022, para 23,45 milhões, em 2023. Isso representa, portanto, um aumento de 14% no quadro social das cooperativas.
Além da alta no número de associados, as cooperativas também tiveram um aumento na quantidade de colaboradores. Em 2022, as organizações fecharam o ano com 524.234 trabalhadores, já em 2023, o número subiu para 550.611.
Todavia, houve uma queda no número de cooperativas ativas cadastradas no Sistema OCB. A quantidade de organizações foi de 4.693 para 4.509. O Sistema OCB atribui a redução às fusões e incorporações no setor a fim de reduzir custos, gerar ganhos de escala e melhorar a eficiência operacional dos negócios.
Ativos totais
A diminuição de quase 200 cooperativas no período de um ano não foi o suficiente para derrubar o valor de ativos totais. Em 2023, o cooperativismo atingiu a marca de R$ 1,16 trilhão de ativos, 17% a mais em relação ao ano anterior.
O cooperativismo também acumulou R$ 692 bilhões em ingressos, apresentando um aumento de 5,5%. Já em sobras, as cooperativas fecharam o ano com R$ 38,9 bilhões, isto é, um aumento de 3% em relação a 2022.
Gênero e faixa etária
A distribuição do quadro social das cooperativas em gênero permaneceu estável. Os homens associados continuam sendo maioria nas organizações, representando 59% do total de cooperados.
Porém, as mulheres seguem conquistando ainda mais espaço dentro das cooperativas, especialmente em cargos de liderança. De 2022 para 2023, a porcentagem de cooperadas dirigentes aumentou de 22% para 23%.
Já quando observamos a faixa etária dos dirigentes, vemos que o grupo de líderes é maduro: 56% dos homens e 40% das mulheres têm mais de 50 anos. O segundo lugar fica para os cooperados dirigentes entre 40 e 50 anos: 29% dos homens e 32% das mulheres.
Exportação
Quando o assunto é exportação, o cooperativismo brasileiro pode comemorar. Segundo dados da ApexBrasil e da OCB, as cooperativas auxiliadas pela agência exportaram cerca de R$ 45 bilhões, apresentando um crescimento de 13% em relação a 2022.
O pódio dos estados que mais exportam é formado por: Paraná, com quase 50% das exportações, seguido por Santa Catarina, 19%, e Minas Gerais, 12,5%. Já os principais destinos dos produtos cooperativos são:
- China
- Japão
- Países Baixos
- Alemanha
- Estados Unidos
Ramos do cooperativismo no AnuárioCoop 2024
Todos os resultados positivos alcançados pelo cooperativismo em sua totalidade são refletidos diretamente em cada um dos sete ramos do cooperativismo. Veja, então, destaques do AnuárioCoop 2024 em cada um dos ramos.
Agropecuário
No Ramo Agropecuário vemos que, mesmo com uma leve queda no número de cooperativas, o número de cooperados e colaboradores continua crescendo. De 2022 para 2023, mais de 36 mil pessoas se associaram a cooperativas agropecuárias e cerca de 8 mil pessoas passaram a trabalhar nessas organizações.
O ramo também contou com um aumento no número de ativos. Em 2023, as cooperativas acumularam cerca de R$ 274,2 bilhões, quase R$ 8 bilhões a mais do que no ano anterior. No entanto, apesar dos números crescentes, a participação do Ramo Agropecuário no PIB caiu de 25,2% para 23,8%.
Consumo
Mesmo com uma pequena queda no número de organizações, o Ramo Consumo recebeu cerca de 200 mil novos cooperados e 2 mil colaboradores. E quem lidera a segmentação nesse setor são as cooperativas de educação, com 32,3%. Elas são seguidas pelo segmento de supermercados, 23%, e pelo de alimentação, 18,3%.
O ramo também aumentou o valor de ativos totais. Em 2022, as cooperativas de consumo alcançaram a marca de R$ 3,5 bilhões, já em 2023, o valor subiu para R$ 3,6 bilhões.
Crédito
No Ramo Crédito, mesmo com a queda no número de cooperativas, a quantidade de cooperados foi de 15 milhões para quase 18 milhões, e a de colaboradores de 99 mil para mais de 111 mil.
Nesse cenário, as cooperativas de crédito também se destacam quando o assunto é quantidade de ativos e de patrimônio líquido. Em apenas um ano, o ramo teve um aumento de R$ 152,8 bilhões em ativos totais e R$ 17,1 bilhões em patrimônio.
O volume das operações de crédito também apresentou melhora, segundo o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCOOP). Em dezembro de 2022, o volume foi de R$ 361.413.758. Já em 2023, as cooperativas alcançaram a marca de R$ 388.812.267.
Infraestrutura
Com 1,5 milhão de cooperados e 7 mil colaboradores, o Ramo Infraestrutura aumentou em quase R$ 3 bilhões o valor de ativos totais, alcançando a marca de R$ 10,5 bilhões. Além disso, o setor tende a crescer. Segundo dados da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (ABDIB), o valor estimado de investimento entre 2022 e 2026 cresceu 40%.
Ademais, as cooperativas de distribuição de energia forneceram energia elétrica para 750 mil domicílios em mais de 800 municípios, e em 9 estados brasileiros. O Índice ANEEL de Satisfação do Consumidor (IASC) indica que as cooperativas ocuparam altas posições no ranking de satisfação.
Saúde
No Ramo Saúde houve um aumento de mil cooperados e 4 mil colaboradores de 2022 para 2023. A quantidade de ativos também cresceu de R$ 58,7 bilhões para R$ 63,6 bilhões.
As cooperativas de saúde também podem comemorar o aumento na quantidade de beneficiários. Em 2023, as organizações de assistência médica somaram cerca de 20,1 milhões de beneficiários e as coops de assistência odontológica contam com 4,1 milhões de clientes.
Todo o esforço do Ramo Saúde é reconhecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 20 das 25 operadoras de planos de saúde que alcançaram a nota máxima no Índice de Desempenho da Saúde Suplementar fazem parte do Sistema Unimed. Já 6 das 10 cooperativas odontológicas com nota máxima integram o Sistema Uniodonto.
Trabalho, produção de bens e serviços
O Ramo Trabalho, produção de bens e serviços teve um aumento de 10 mil cooperados no último ano. O setor também aumentou a quantidade de ativos totais, saindo de R$ 1,6 bilhão para R$ 1,8 bilhão.
Esse ramo também se destaca em dois segmentos: reciclagem e mineral. De acordo com o Anuário da Reciclagem de 2023, as cooperativas de catadores coletaram 1,8 milhão de toneladas de resíduos destinados à reciclagem. Já segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), 330 cooperativas com títulos minerais ativos estão presentes em 629 municípios.
Transporte
No Ramo Transporte, o número de cooperativas caiu de 886 para 790. Além disso, o setor teve uma queda na quantidade de ativos totais de R$ 5,4 bilhões para R$ 2,9 bilhões.
No entanto, o setor teve um aumento de 6.142 cooperados e conta com 37 mil veículos na frota das cooperativas de transporte de carga.
Conclusão: o que o AnuárioCoop 2024 nos revela
Os números do AnuárioCoop 2024 mostram que o cooperativismo está no caminho certo para crescer. Apesar da justificada queda no número de cooperativas ativas, outros dados importantes evoluíram, refletindo o progresso do setor.
Entretanto, ainda há elementos desafiadores. O crescimento tímido das lideranças femininas e a busca por rejuvenescer os quadros sociais merecem atenção e devem fazer parte das estratégias das cooperativas para o futuro.
