Cooperativas de saúde: participação de 31% na saúde suplementar do Brasil

Com um aumento na quantidade de empregados de 16,9% entre 2014 e 2018, o ramo de Saúde é um dos mais importantes do Cooperativismo no Brasil. Os número demonstram não apenas isso, mas que o sistema brasileiro de cooperativas de saúde é o maior do mundo.

Afinal, somente em tributos e despesas com pessoal, o segmento injetou R$ 5,1 bilhões na economia em 2018. No total, a receita das cooperativas de saúde que compõem este ramo tiveram uma receita de R$ 68 bilhões no período. Com um capital social de R$ 6,4 bilhões, o ramo captou R$ 67,4 bilhões na forma de ingressos, com R$ 2 bilhões em sobras no exercício 2018.

Tais valores fazem o ramo atingir uma participação de 31% no mercado da Saúde Suplementar no Brasil. Um total de 17,3 milhões de pessoas são beneficiárias de assistência médica ofertada por cooperativas. Os beneficiários de assistência odontológica chegam a 3,7 milhões, sendo que este nicho tem apresentado tendência de crescimento nos últimos anos conforme dados do Anuário Brasileiro de Cooperativismo.

Para chegar a estes números, o Ramo Saúde do Cooperativismo envolve muitas pessoas. São 107,8 mil empregados e 206,1 mil cooperados distribuídos em 786 cooperativas. Com presença em 85% dos municípios brasileiros, as cooperativas de saúde atendem cerca de 25 milhões de pessoas anualmente.

Destaques no ramo Saúde do cooperativismo

Alguns Estados apresentaram um crescimento impressionante no segmento no último ano. É o caso, por exemplo, do Rio Grande do Norte. O Estado nordestino viu a quantidade de cooperativas crescer 7,7%, de 13 para 14.

Embora não pareça tão expressivo, este dado vem acompanhado de um crescimento de 122,3% na quantidade de cooperados, que variaram de 1.250 para 2.779. No entanto, o número mais impactante é o de crescimento na quantidade de empregados em cooperativas no Estado. O salto de 58 para 1.577 pessoas empregadas representa um crescimento de 2.619% no número de empregados em cooperativas de Saúde.

No Sudeste, por sua vez, as cooperativas do Rio de Janeiro apresentaram crescimento de 57,7% na quantidade de empregados, de 3.621 para 5.709. No mesmo período, a quantidade de cooperativas não cresceu, mantendo-se estável em 45.

Em tempo, os modelos cooperativos de saúde existentes no Brasil hoje são, seguidos das quantidades de cooperativas em atuação atualmente no País:

  • Cooperativas médicas operadoras de planos de saúde: 292
  • Cooperativas odontológicas operadoras de planos de saúde: 105
  • Cooperativas de trabalho e especialidades médicas: 173
  • Prestadoras de serviço – médico e odontológico: 79
  • Cooperativas formadas por outros profissionais da saúde (fisioterapeutas,  enfermeiros, psicólogos, nutricionistas etc.): 137

Na divisão por faixa de faturamento, as cooperativas se distribuem da seguinte maneira:

  • Acima de R$ 500 milhões: 7%
  • Entre 300 milhões e 500 milhões: 5%
  • Entre 100 milhões e 300 milhões: 16%
  • Entre 10 milhões e 100 milhões: 46%
  • Entre 1,5 milhão e 10 milhões: 16%
  • Entre 360 mil e 1,5 milhão: 8%
  • Até 360 mil: 2%

O setor de cooperativas de saúde é amplamente dominado pela Central Nacional Unimed, que reúne ao todo 347 cooperativas médicas, 113 mil médicos cooperados, 18 milhões de beneficiários, 2611 hospitais credenciados e 114 hospitais próprios. As Unimeds Singulares têm, juntas, 38% de participação no mercado nacional de planos de saúde. Todas as Unimeds do país empregam cerca de 96 mil pessoas.

Desafios e oportunidades

Apesar de registrar bons números, o ramo saúde do cooperativismo também sofre com a lenta retomada da economia nacional. Da mesma maneira, o desemprego também impacta negativamente na aquisição de planos de saúde por parte da população.

Outro aspecto que preocupa as cooperativas deste segmento, segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2018, é a dificuldade para os repasses e pagamentos a cooperativas pelos atendimentos feitos em hospitais públicos

Há, ainda, dificuldades relacionadas aos avanços regulatórios e de financiamento das estruturas das cooperativas. Além disso, é preciso, indica o Anuário, promover uma uma redução na judicialização expressiva que aflige o setor. Esta precisa vir acompanhada de um controle rigoroso dos custos assistenciais.

Com este cenário, as cooperativas, confederações e federações do cooperativismo de saúde e o próprio Sistema OCB têm, afirma o Anuário, desenvolvido programas e ações para responder aos desafios.

Isto envolve a ampliação e consolidação do modelo de Atenção Integral à Saúde, bem como a elevação do sentimento cooperativo entre profissionais de saúde vinculados a cooperativas. Outro ponto de atenção é a capacitação de gestores dos sistemas. Estes são alguns dos pontos convergentes entre as instituições que compõem o setor de cooperativas de saúde.

Da mesma maneira, o Anuário aponta que há oportunidades relacionadas a melhorias e ampliações na gestão das redes próprias. Isso inclui, pontua o Anuário, novas formas de pagamento dos prestadores e o uso intensivo de tecnologias aplicadas ao setor de saúde.

Há preocupação com questões de compliance concorrencial, com correta gestão dos custos envolvidos com as operações e com possibilidades reais de parcerias público-privadas nos âmbitos federal, estadual e municipal.

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