Design Thinking na prática: conheça a experiência da Sicredi Pioneira

A Sicredi Pioneira já é caso de sucesso quando o assunto é inovação no cooperativismo. A cooperativa tem dado atenção ao tema e utiliza, entre outros métodos, uma abordagem essencial para a inovação: o Design Thinking.

A ferramenta permite inovar com foco no cooperado. E a escolha pelo design thinking ocorreu exatamente por isso, porque permitiu que a Sicredi Pioneira pudesse se conectar de forma mais concreta com o usuário, criando soluções junto com funcionários e cooperados.

Com o design thinking em prática, a cooperativa conseguiu criar programas que hoje fazem a diferença no dia a dia da Sicredi Pioneira, como seu programa de fidelidade, uma plataforma de financiamento de veículos e outras iniciativas.

Jonas Rauch, gerente de negócios estratégicos da Sicredi, afirma que desenvolver os projetos por meio do design thinking trouxe grandes e positivas mudanças, as quais deram mais sentido às ações que a cooperativa pretende desenvolver no futuro.

“A plataforma de financiamento foi uma iniciativa que fomos atrás. Nós fomos a campo para, de fato, entender como esse mercado funciona. Sentir e entender a dor do cooperado e dos funcionários contribuiu para criarmos estes projetos. Passamos a entender o dia a dia do usuário e fez muito sentido construir essas soluções junto com eles”, conta o gerente.

Rauch afirma também que o resultado final foi totalmente diferente do que foi planejado no começo. Segundo ele, inicialmente, havia uma ideia de que devia entregar uma solução de uma forma. Mas, quando foi iniciado o contato com o usuário, a cooperativa se deparou com uma realidade totalmente diferente.

Um dos grandes aprendizados da Sicredi Pioneira, que tem a inovação sistematizada em seu organograma, foi que a construção das soluções não vem de dentro do escritório ou apenas em reunião com a equipe especialista.

“Tem que ir para rua se envolver com o usuário e construir junto com quem, de fato, usa a solução, porque é aí que surgem novas ideias para projetos, programas”, completa o gerente da Sicredi Pioneira.

As etapas do Design Thinking

Uma das etapas do design thinking é a pesquisa de campo, quando se observa o usuário para buscar informações importantes para a empresa. Para que este processo seja mais completo, a Sicredi Pioneira conta com uma área de BI estruturada.

“A nossa área de BI pesquisa as situações do mercado e entende como os números podem nos ajudar a construir essas soluções. Este processo traz bastante insights para os nossos planos”, afirma Rauch.

Outro processo importante é a prototipagem. Segundo Rauch, esta etapa trouxe muito valor para a Sicredi Pioneira, que, através de um protótipo, criou uma plataforma de gestão de conhecimento.

“No início, fomos viver o dia a dia do usuário para entender a dor real. Voltamos para dentro de casa e começamos a construir possibilidades. Nesse sentido, o protótipo ajudou muito, porque podemos construir uma deia e voltar no usuário para validá-la. Muitas vezes, acabamos descobrindo que o pensamento inicial não era exatamente o que o associado queria”, revela.

Pela experiência da Sicredi Pioneira, o valor do protótipo está em concretizar uma visão daquilo que o usuário incialmente diz. Por que isso, de fato, torna uma construção mais concreta.  É nesse momento também, por meio de um protótipo, que a cooperativa consegue corrigir erros em projetos de inovação.

Desing Thinking na Sicredi Pioneira e no Cooperativismo

Desde 2016, a Sicredi discute inovação em debates, fóruns, reuniões de lideranças e com seus funcionários. Mas foi em 2017 que iniciaram as mudanças com uma nova agenda feita por profissionais que puderam – e podem – olhar de fato a inovação de forma profunda, envolvendo pessoas e incluindo outras iniciativas.

“Precisamos ressignificar algumas coisas em relação ao cooperativismo. É necessário ver como é o relacionamento com o cooperado, como é a construção das novas soluções para oferecer melhores experiências aos nossos associados.”

O cooperativismo está em amplo crescimento no Brasil, permitindo que as instituições conquistem novos mercados e novas possibilidades de negócios. Mas para isso é preciso inovar e arriscar mais.

“O cooperativismo é um tema antigo, mas ele precisa ser inovado, precisa ser ressignificado em termos de negócio e experiência para o associado. É preciso estar atento para novas práticas de inovação. Assim, geraremos mais valor para o cooperativismo”, finaliza.

É sempre bom lembrar que a base de todo processo de inovação bem-sucedido não é a tecnologia, são as pessoas. E para que as pessoas inovem, é preciso uma mudança do mindset atual.

É curioso notar que o design thinking, tão usado por grandes corporações como base para inovação em produtos e serviços, tem tudo a ver com o cooperativismo, mas ainda é pouco conhecido por ele. Dois dos seus valores fundamentais, empatia e colaboração, se aproximam muito dos valores humanos das cooperativas.

O design thinking consiste em uma abordagem interdisciplinar para resolver problemas, colocando as coisas na ordem que devem estar: primeiro as pessoas e seus problemas; depois a tecnologia e a solução em si.

Ele também pode ajudar as cooperativas a exercitar algo que ainda não lhes é comum: a experimentação. Para inovar, é preciso testar e errar. E o design thinking tem uma abordagem própria para essa questão.

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Lucas Toyama
Lucas Toyama
Consultor especializado em Design Thinking, desenvolve treinamentos na área para grandes empresas. Como consultor de inovação, tem liderado projetos para consultorias de Design (Livework, Tellus, Kyvo, Echos) e empresas como Visa, Claro, Net, Seara e Globosat.